Notícias

Em Davos, Alexandre Silveira insiste em fósseis “para transição” 35204x

O líder de Minas e Energia citou o Papa Francisco, apoiou discurso de presidente de petroleira e debateu com minerador que investe em hidrogênio verde

Priscila Pacheco ·
19 de janeiro de 2024 · 1 anos atrás
  • Publicado originalmente por Observatório do Clima c5m1y

O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, elogiou nesta quinta-feira (18) os rumos do país na transição energética. “O Brasil, sob a liderança do presidente Lula, decidiu avançar efetivamente na transição energética que nós defendemos que seja justa, inclusiva e, se possível, como destaca o Papa Francisco, obrigatória”, disse. O chefe da Igreja Católica foi citado duas vezes pelo ministro. No entanto, diferentemente de Silveira, Francisco defende a eliminação rápida dos combustíveis fósseis.

Sentado ao lado da americana Vicki Hollub, presidente da Occidental Petroleum, Silveira participou do debate sobre avanços na transição energética, um dos temas destacados no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, que teve início na segunda-feira (15). Com menos de cinco minutos para falar, o ministro exaltou o potencial do Brasil para produzir energia hidrelétrica, solar, eólica e com biomassa. Citou o aumento de linhas de transmissão para levar energia elétrica a regiões isoladas da Amazônia dependentes de combustíveis fósseis e defendeu os créditos de carbono internacionais como uma fonte financeira para acelerar a transição energética. 

O discurso foi parecido com o feito na terça-feira (16) durante a mesa “Transformação Sustentável do Brasil”. Nenhuma menção sobre a exploração de combustíveis fósseis, que ele costuma defender. Alguns minutos depois, porém, Silveira interrompeu o empresário australiano Andrew Forrest e defendeu a continuidade da exploração de petróleo. “Não posso deixar de concordar com a Vicki [Hollub] sob a necessidade de ser uma transição também equilibrada porque milhares de pessoas e países como o Brasil, a despeito de todas as suas potencialidades, tem potencialidade de petróleo e nós temos uma das grandes petroleiras do mundo”, disse. 

“Eu não estou aqui para falar de ideologia. Sou cientista e é por isso que estou investindo no Brasil em energias renováveis e não em petróleo e gás”, respondeu Forrest. O empresário é um dos homens mais ricos da Austrália, dono de uma  fortuna que vem da exploração de minério de ferro. Em novembro do ano ado, Forrest se encontrou com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para confirmar um investimento de US$ 5 bilhões para um projeto para a produção de hidrogênio verde no Complexo Industrial e Portuário de Pecém, no Ceará.

A defesa por Silveira dos combustíveis fósseis e a negação de que a produção precisa acabar rapidamente são alguns dos fatores que têm ilustrado a contradição do governo Lula na área ambiental. O discurso desinformativo de que seria necessário investir em fósseis “para financiar a transição energética” aparece constantemente nas falas de autoridades do governo, incluindo Silveira. Também em Davos, Marina Silva, ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, hesitou em falar sobre a contradição brasileira, mas criticou os investimentos para a indústria fóssil.

“O mundo vive em uma contradição: a de ter que enfrentar a mudança climática e uma matriz energética que é fóssil predominantemente, em que se continua fazendo investimentos na ordem de US$ 7 trilhões para energia fóssil, e não consegue os US$ 100 bilhões para fazer a transformação ecológica do planeta”, disse Marina em um debate realizado na terça-feira no Fórum sobre a Amazônia.

  • Priscila Pacheco 5r442z

    Jornalista independente apaixonada por viagens, cultura e meio ambiente.

Leia também 1b437

Reportagens
16 de janeiro de 2024

Em quase três anos, avaliação ambiental no Nordeste não gerou decisão governamental 455a41

Região de grande importância para a conservação da biodiversidade marinha entre Sergipe e Alagoas, incluindo a Costa dos Corais, segue vulnerável à exploração petrolífera

Reportagens
22 de dezembro de 2023

Energia ignorou resultados de avaliação ambiental na Bacia do Solimões 5h6d1v

Falta de conclusão desse processo pelo governo gera desmotivação sobre o uso da mesma ferramenta para análise de cenários na margem equatorial

Notícias
12 de janeiro de 2024

Frio de -43ºC nos EUA e calor de 53ºC no Rio abrem ano de extremos 372h6j

Ruptura no vórtice polar causa queda de 51ºC nas médias no Norte; América do Sul enfrenta ondas de calor e tempestades

Mais de ((o))eco 386al

amazônia 245k3y

Colunas

O segredo mais bem guardado da política climática brasileira w625b

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 9106o

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

transição energética 6h2y25

Análises

Pela transição energética Norte-Sul pactuada na COP30 3t5v4u

Reportagens

Transição energética justa para quem? q14x

Colunas

Neocolonialismo Energético: A transição verde não pode repetir a lógica extrativista 4t3pv

Colunas

A promessa verde do Norte e o saque mineral do Sul 5u45r

mudanças climáticas 4jg2j

Reportagens

Como as unidades de conservação podem resistir à crise climática? b3o6p

Colunas

O segredo mais bem guardado da política climática brasileira w625b

Colunas

Verão em Realengo  3zm6k

Salada Verde

Países do BRICS querem US$ 1,3 tri para financiar ações climáticas 3t1c1y

clima e energia 3a4t2x

Notícias

Não cabe ao MMA definir o caminho da política energética brasileira, diz Marina Silva hu4u

Colunas

Nordeste Brasileiro: A Região esquecida no centro do debate climático 3c5m2b

Colunas

Os desafios da diplomacia climática em 2025 2v221n

Reportagens

Congresso aprova marco da eólica offshore com incentivo ao carvão   6240u

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.