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Queimadas já atingiram mais de 600 mil hectares no Pantanal 473s52

Área queimada em 2024 é 143% maior do que o registrado em 2020, quando um terço do bioma foi devastado. Incêndios devem ultraar 2 milhões de hectares este ano

Cristiane Prizibisczki ·
25 de junho de 2024

Análise realizada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostra que, entre 1º de janeiro e 23 de junho deste ano, os incêndios no Pantanal consumiram 627 mil hectares de vegetação, o equivalente a quatro vezes a cidade de São Paulo. O número, divulgado na segunda-feira (24), ultraa em 143% o acumulado para o mesmo período no ano de 2020, quando incêndios sem precedentes acabaram com um terço do bioma.

Segundo análise do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da UFRJ,  258 mil hectares foram queimados entre 1º de janeiro e 23 de junho de 2020. Este ano, no entanto, as condições são ainda piores.

Desde o final de 2023, diz a nota técnica da UFRJ, a região apresenta a maior seca já registrada desde 1951, ultraando o ano de 2020, que até o momento era considerado o primeiro do ranking de secas.

A Bacia do Rio Paraguai, abrangendo a região do Pantanal, enfrenta um déficit significativo de chuvas desde o início do período chuvoso, em outubro de 2023. Com isso, todos os rios na região registraram em junho de 2024 níveis abaixo do normal para esta época do ano.

A exceção foi o rio Cuiabá, na estação de Cuiabá, que mantém seus níveis dentro das expectativas. Em contrapartida, os trechos de Barra do Bugres, Cáceres e Miranda registram os níveis mais baixos historicamente observados para este período.

“O período 2023/2024 não encontra paralelo em nenhum outro período do registro histórico, sendo sem precedentes em termos de intensidade e duração da seca”, diz o documento.

Com isso, para o próximo trimestre – julho a setembro – a expectativa é que as temperaturas se mantenham acima da média e a precipitação abaixo do normal. “A probabilidade da área queimada exceder 2 milhões de hectares até o final de 2024 é superior a 80%”, diz a nota técnica da UFRJ.

Por causa da situação extrema, o governo do Mato Grosso do Sul decretou, na segunda-feira (24) estado de emergência. A medida tem validade de seis meses e permite a implantação de ações mais rápidas de combate.

Entre os municípios mais afetados, Corumbá desponta na frente, com 348 mil hectares queimados entre 1º de janeiro e 23 de junho deste ano. Em segundo lugar aparece Cárceres, com 87 mil hectares queimados e, em terceiro, Aquidauana, com 71 mil hectares atingidos pelo fogo.

Imagem: LASA/UFRJ

Entre as áreas protegidas, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense é o mais afetado, com 18 mil hectares queimados. Em seguida aparecem a Estação Ecológica de Taiamã, com 11 mil hectares atingidos pelo fogo, e o Parque Estadual do Pantanal do Rio Negro, com 9,5 mil hectares queimados.

Imagem: LASA/UFRJ

Segundo a análise da UFRJ, os incêndios no Pantanal foram provocados pela ação humana sobre o bioma. Na segunda-feira, a ministra Marina Silva também alertou para o problema e apresentou as medidas que estão sendo tomadas pelo governo para combater a situação.

“Estamos diante de uma das piores situações já vistas no Pantanal. Toda a bacia do Paraguai está em escassez hídrica severa”, disse a Ministra, após a segunda reunião da “Sala de Situação”, criada pelo governo para tentar conter a crise.

Segundo ela, o Ministério do Meio Ambiente, planeja, desde outubro do ano ado, ações para se antecipar às consequências dos incêndios.

 “O que nós temos é um esgarçamento de um problema climático que vocês viram acontecer com chuvas no Rio Grande do Sul. Nós sabíamos que iria acontecer com seca envolvendo a Amazônia e o Pantanal. Nesse período, não há incêndio por raio. O que está acontecendo é por ação humana”, lamentou. 

Nesta terça-feira (25), o governo anunciou a liberação de R$ 100 milhões para ações de combate aos incêndios.

  • Cristiane Prizibisczki 48324h

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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