Salada Verde

A mordida na Caatinga 3j5261

Único bioma 100% brasileiro perdeu 2% de sua vegetação em 6 anos. Focos de desmatamento acompanham polos produtores de gesso, cerâmica, biocombustível e agropecuária.

Salada Verde ·
2 de março de 2010 · 15 anos atrás
Salada Verde
Sua porção fresquinha de informações sobre o meio ambiente

 

Desmatamento (vermelho) pulverizado da Caatinga. Clique e confira em tamanho maior. imagem: MMA/Ibama/CSR
Desmatamento (vermelho) pulverizado da Caatinga. Clique e confira em tamanho maior. imagem: MMA/Ibama/CSR

Com três meses de atraso em relação ao prometido para novembro ado, o governo disparou hoje os anúncios sobre as taxas anuais de desmatamento na Caatinga. Pelos números oficiais, o único bioma 100% brasileiro perdeu 16,5 mil quilômetros quadrados de vegetação entre 2002 e 2008, ou cerca de 2% de sua cobertura original, que era de 826,4 mil quilômetros quadrados. O número pode estar superestimado em 4 mil quilômetros quadrados, ite o governo. Luz sobre a diferença apenas com novas avaliações. A média de perdas anuais para o período foi de 2,76 mil quilômetros quadrados (0,33% ao ano). O total de vegetação remanescete da Caatinga situa-se em torno de 53,6% da original, sendo que 55,6% haviam sido derrubados até 2002.

Se comparado ao da Amazônia, o desmate da Caatinga figura como de pequenas proporções, mas o bioma é cinco vezes menor que a floresta tropical ao norte do país. As emissões de Dióxido de Carbono (CO2) da Caatinga também preocupam, situando-se em torno de 25 milhões de toneladas anuais. A proteção do bioma deve integrar os planos nacionais sobre mudanças do clima, quando forem revisados.

As principais causas de desmatamento no ado foram a expansão de monoculturas de grãos e lavouras de árvores exóticas, agropecuária e produção de lenha e carvão. Algumas delas seguem vigorosas no últimos seis anos, mantendo um padrão de desmatamento extremamente pulverizado, sem frente definidas para as derrubadas, dificultando o combate ao desflorestamento ilegal.

Dos 16,5 mil quilômetros quadrados postos abaixo desde 2002, Bahia e Ceará respondem por mais da metade. A maioria dos municípios que concentram a degradação da Caatinga também está nesses estados. Alagoas, por exemplo, desmatou menos, mas só no último período. Antes de 2002, havia exaurido quase 80% de sua vegetação de Caatinga.

Os focos de desmatamento acompanham pólos produtores de gesso, cerâmica, biocombustível, agropecuária e extração de madeira para produção de lenha ou carvão. A lenha abastece populações e mercados locais. O carvão serve basicamente à siderurgia de Minas Gerais e outros estados. Gesso e cerâmicas também rompem as divisas estaduais do Nordeste. “Sem estimular alternativas energéticas, dificilmente se combaterá o desmatamento na Caatinga”, disse o ministro Carlos Minc.

A partir de amanhã (3), governadores de estados nordestinos, ministros, bancos públicos e outras entidades estarão reunidos em Petrolina (PE) e Juazeiro (BA) para discutir e apresentar medidas para combater à desertificação regional. Além das mazelas atuais, o Nordeste está na mira das mudanças do clima e pode perder um terço de sua economia até o fim do século, apontam estudos. O Ministério do Meio Ambiente espera reverter até 500 milhões anuais, metade do fundo nacional do clima, para auxiliar a região. O governo federal quer apresentar um plano de ação para a Caatinga até seu dia nacional, 28 de abril.

O Ibama já tem 25 ações planejadas para combater ilegalidades na Caatinga, região semiárida apontada por especialistas como a mais povoada e mais rica em espécies de animais e de plantas no planeta. O governo tem planos para ampliar ainda este ano a área oficialmente protegida no bioma, com unidades de conservação no Piauí, Bahia e Paraíba. Atualmente, cerca de 7% da Caatinga estão dentro de áreas protegidas federais e estaduais – mas apenas 2% em unidades de proteção integral, como parques nacionais. O índice é semelhante ao que o bioma perdeu em vegetação entre 2002 e 2008.

Mais informações aqui.

Saiba mais:
Converter para recuperar
Promessas de Minc para a Caatinga
Mata branca está em brasa
Menor tamanduá, já ameaçado 
Satélites jogarão luz na devastação

  • Salada Verde 4332a

Leia também 1b437

Colunas
29 de maio de 2025

Por que os cristãos defendem o licenciamento ambiental 3j1y6t

Para lideranças religiosas, os mecanismos atuais ajudam a defender a vida, protegendo segmentos importantes da sociedade e preservando a integridade da criação

Reportagens
28 de maio de 2025

“Brasil não pode ser petroestado e líder climático ao mesmo tempo”, alerta Suely Araújo 6f1l7

Em meio às discussões da COP 30, ex-presidente do Ibama critica a expansão petrolífera e aponta riscos da exploração na Foz do Amazonas

Notícias
28 de maio de 2025

“O poder da juventude está em aproximar realidades cotidianas dos espaços de decisão” 5i55

Cientista ambiental da Rede Favela Sustentável avalia papel do jovem no enfrentamento da crise climática, tema-foco do IV Fórum Terra 2030

Mais de ((o))eco 386al

desmatamento 5h2z4x

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Notícias

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 2p2j4c

caatinga 1d5z5i

Análises

Caatinga: o bioma quase esquecido que resiste com ciência, conservação e esperança 603m21

Reportagens

Os dois macacos brasileiros entre os mais ameaçados do mundo 3m1n

Salada Verde

Projeto reúne Ministérios Públicos pela preservação da Caatinga 706d60

Notícias

Estudo reforça importância de proteger a Serra da Chapadinha, na Bahia 1p1g4l

política ambiental 5n5325

Colunas

Por que os cristãos defendem o licenciamento ambiental 3j1y6t

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 9106o

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

Caixa Postal g5y6t

Análises

Os oportunistas da notícia 3m5r59

Análises

O MT Ilegal 4p338

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 3u6f47

Análises

Biomas esquecidos 4qt19

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.