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Micos na floresta de dados 1i5f4

O avanço de infra-estrutura sobre a floresta amazônica acelera o seu desmatamento e consolida pasto e estradas.O estrago é quantificado em números que a população pouco entende

Efraim Rodrigues ·
20 de abril de 2007 · 18 anos atrás
Desmatamento em Humaitá, no sul do Amazonas. Foto: Alberto César Araújo/ Amazônia Real.

Nestes tempos de Internet, informação não nos falta. Porém, o excesso dela gera saturação, prima irmã da confusão, além de ser uma rima pobre. Hoje somos primatas em meio a uma floresta de orquídeas de dados.

― Esta coisinha colorida é de comer?

Nenhum aluno de pós-graduação sabe dizer qual o tamanho do desmatamento anual da Amazônia, o dado ambiental mais divulgado e discutido na mídia. Isto inclui também aqueles que são cheios de empáfia sobre o assunto. Se não sabem os que teriam obrigação de saber, imagine você como estão os outros.

A Amazônia perde entre 10.000 e 30.000 km2 por ano. Falar em dezenas de milhares de km2, é como falar em anos luz. Todos sabemos que é muito, mas não sabemos quanto. São Paulo está a exatos 1.000 Km de Ilhéus. Imagine uma estrada reta ligando as duas cidades. Uma maravilha da engenharia que possibilitasse Adoniran Barbosa comer um acarajé servido pela Gabriela de Jorge Amado. Se esta estrada tivesse 10 m de largura, ela então teria 10.000 km2 de área, uma boa unidade para falarmos em desmatamento da Amazônia. Fazendo esta estrada um pouquinho mais larga, com 11,03 m de largura, ela teria a área exata do desmatamento de 1991, o menor até hoje.

O desmatamento acelerou muito entre 2001 e 2004, indo de 18.000 km2 para mais de 27.000 km2 de Amazônia no chão ao ano. O desmatamento depende de infra-estrutura, e ela agora está construída. Estradas e núcleos urbanos estão prontos, aguardando o agronegócio voltar a crescer. Em 2005 o desmatamento foi de somente 19.000 km2, um valor que era freqüente antes desta acelerada do começo do milênio. Neste ano, porém, a agricultura cresceu somente 1,5%, enquanto que entre 2001 e 2004, cresceu em média acima de 5%.

A aceleração do desmatamento iniciada na era FHC, entrou era Lula adentro, sem medo de ser feliz, acompanhando mão com mão a agricultura, e não dando a mínima para políticas governamentais. A série histórica mostra que para cada ponto percentual que o agronegócio melhora, o desmatamento acelera 690 km2 . Nesta saia justa de estimular o agronegócio sem desmatar a Amazônia, os 8 anos FHC foram melhores que os três anos Lula, mas a infra-estrutura de desmatamento há dez anos era muito mais incipiente que hoje.

Aguarde os próximos capítulos desta novela nas redes INPE e Getúlio Vargas de televisão.

  • Efraim Rodrigues 2frw

    É doutor pela Universidade de Harvard, Professor de Recursos Naturais da Universidade Estadual de Londrina, consultor do prog...

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