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O cenário ajuda. No fundo, as montanhas com alguns picos aonde a neve ainda resiste ao verão; ao redor, gigantescas árvores seculares, praias, o Oceano Pacífico e sua imensidão azul que, como o nome sugere, emana paz. A cidade de Vancouver soube usar bem o que a natureza já havia lhe dado, e retribuiu o favor construindo a Seawall, um caminho por onde turismo e o meio ambiente andam juntos.
A Seawall é uma via dupla para pedestres e ciclistas – e patinadores – que beira a orla, a pelos principais pontos turísticos da cidade e celebra o turismo verde. O caminho de 22 quilômetros de extensão começou originalmente em 1917, apenas dando a volta ao redor do Stanley Park, o maior parque urbano do Canadá, com mais de 400 hectares, mas posteriormente se estendeu por toda a cidade. Hoje é possível ir do Canada Place – outro ponto turístico –, em pleno centro da cidade, até a praia mais remota de Spanish Banks, do outro lado da ponte, através dessa via principal que deixa os carros invejosos no asfalto.
Explorar o turismo como forma de estimular a preservação não é uma fórmula nova, porém funciona. Assim como a Seawall funciona também como estímulo ao uso de bicicletas, patins e, porque não, os próprios pés. A forma mais genuína e popular de percorrê-la é, de fato, em cima de duas rodas. O percurso plano garante uma pedalada tranquila e se tornou uma das coisas que você “tem que fazer” em Vancouver. As inúmeras lojas que alugam bicicletas pela cidade comprovam a grande demanda pelo serviço. A primeira loja de aluguel data de 1938, quando o caminho se limitava aos 8.8 quilômetros do perímetro do Stanley Park.
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A convergência de turistas gera alguns perigos, pois nem todos estão cientes das regras da Seawall. A volta ao redor do Stanley Park, por exemplo, é de mão única para os ciclistas, para evitar colisões nas partes mais estreitas do trajeto. Além disso, ciclistas e pedestres têm faixas exclusivas e áreas de alto tráfego de pessoas orientam o desmonte da bicicleta para prevenir acidentes. Durante o verão, alta temporada na cidade, a via fica lotada de bicicletas de pessoas que aproveitam que o sol só se põe depois das nove horas da noite para fazer um eio sem pressa. O caminho é todo plano, mas não é raro perder o fôlego. As belas paisagens se valorizam com a infraestrutura bem organizada que estimula o consumo saudável dos pontos turísticos. Vancouver dá o exemplo em como conciliar interesses econômicos e ambientais. O turismo, principal fonte de renda para a cidade, anda de mãos dadas com a sustentabilidade e, assim, todos saem ganhando.
Subir em cima de uma bicicleta tem uma certa mágica. Contagia. Crianças vêm dar suas primeiras pedaladas aqui, acompanhadas do olhar atento dos pais, que também pedalam. Do alto, os cedros anciões de até 76 metros sorriem ao verem os barulhos de motores sendo substituídos pelas exclamações dos turistas encantados com esse recanto natural. Gente de todos os países, gente que se arrisca em bicicletas duplas, gente que descobre o prazer desse meio de transporte tão ignorado em alguns países, gente que pedala. E o ditado já diz: a gente nunca esquece como é andar de bicicleta.
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