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Pesquisadores reencontram marsupial em parque da Austrália 3e2f2c

O mulgara-de-cauda-cristada já teve uma distribuição bastante ampla no continente australiano, mas perdeu espaço com a invasão de coelhos, gatos e raposas vermelhas

Vandré Fonseca ·
7 de janeiro de 2018 · 7 anos atrás
O mulgara-de-cauda-cristada (Dasycercus cristicauda). Foto: Reece Pedler
O mulgara-de-cauda-cristada (Dasycercus cristicauda). Foto: Reece Pedler

Pesquisadores australianos terminaram o ano de 2017 comemorando a redescoberta de um pequeno marsupial, que há mais de 100 anos não era visto no estado de Nova Gales do Sul, o mais populoso do país. O mulgara-de-cauda-cristada (Dasycercus cristicauda) é um pequeno carnívoro com apenas 150 gramas de peso e pelagem amarela pálida, ameaçado de extinção devido à perda de habitat e concorrência de espécies invasoras, como coelhos, gatos e raposas-vermelhas.

Até agora, a presença desse parente do diabo-da-tasmânia (Sarcophilus harrisii) naquela região havia sido identificada graças a apenas pedaços de ossos fossilizados. Segundo informações da União Internacional para Vida Selvagem (IUCN, em inglês), durante muitos anos houve confusão da identificação da espécie, muitas vezes confundidas com o mulgara-de-cauda-de-pincel (Dasycercus blythi). A diferença mais evidente entre eles, que também contribuiu para o nome popular dos dois animais, está na cauda: enquanto em uma os pelos da ponta da cauda formam uma espécie de escova, na outra eles estão em forma de crista.

O mulgara-de-cauda-cristada foi encontrado por uma equipe do Projeto Wild Deserts, uma parceria entre a Universidade de Nova Gales do Sul e a empresa de consultoria Horizons Ecological, no Parque Nacional Sturt, na região central do país. A Unidade de Conservação é alvo de um programa de reintrodução de espécies nativas, que inclui o uso de predadores e erradicação de animais exóticos, que deve favorecer o mulgara, na opinião do coordenador do Projeto Wild Deserts, Reece Pedler.

Foto: Katherine Moseby.
Foto: Katherine Moseby.

A intenção é eliminar a concorrência da espécie invasora em uma faixa de 20 quilômetros ao redor dos limites do parque nacional, antes da volta de mamíferos nativos. “O alvo desse nosso projeto é o retorno de espécies de mamíferos que não são vistos em seu ambiente natural há mais de 90 anos”, afirmou à assessoria de mídia da Universidade de Nova Gales do Sul, Jaymie Norris, coordenador do Serviço de Parques Nacionais e Vida Selvagem do governo australiano.

Segundo ele, outras espécies de pequenos marsupiais endêmicos da Austrália serão reintroduzidas no parque, como o bilby-grande (Macrotis lagotis), o boodie (Bettongia lesueur), o quoll-ocidental (Dasyurus geoffroii) e o bandicoot-de-bougainville (Perameles bougainville).

Trabalhos anteriores realizados no sul do país indicam que a população da espécie está aumentando e ela tem expandido a distribuição. Uma contribuição para que a mulgara se recuperasse pode ter vindo da erradicação da concorrência, segundo os pesquisadores. Nos últimos 20 anos, autoridades australianas têm usado uma espécie de calicivírus, que causa doença hemorrágica, para exterminar coelhos.

 

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  • Vandré Fonseca 5j195d

    Jornalista especializado em Ciências e Meio Ambiente.

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Comentários 4 1v1c28

  1. Gesuis diz:

    Lá eles erradicam espécies invasoras. Aqui, tem ONG defendendo javali!!!


  2. Chato de Galocha diz:

    "A diferença mais evidente entre eles, que também contribuiu para o nome popular dos dois animais, está na calda: enquanto em uma os pelos da ponta da calda formam uma espécie de escova…" CALDA???


    1. Rafael Ferreira diz:

      CAUDA. Falha nossa. Corrigido. Obrigado.


    2. Vandré Fonseca diz:

      Perdão e obrigado pelo aviso! Ainda estou sonhando com o pudim do Natal, só pode ser… Que coisa feia.