Análises

Gavião-real: surpresa do Pantanal 2f3ut

Durante monitoramento de araras, biólogo se depara com harpia na planície pantaneira e realiza o primeiro registro confiável da ave e de seu ninho nesta região. Foi no dia 5 de agosto, no entorno do SESC Pantanal

Paulo de Tarso Zuquim Antas ·
21 de agosto de 2009 · 16 anos atrás
Foto: Flavio Ubaid.

Entre os gaviões e águias do mundo, um se sobressai pelo tamanho e potência de suas garras. Mesmo sendo a maior ave entre esses predadores, o gavião-real, uiraçu ou harpia (Harpia harpyja) até o presente ainda não havia sido positivamente identificado na planície pantaneira. Seus registros apareciam nas regiões limítrofes do Pantanal, seja nas cabeceiras dos rios Paraguai e Jauru ao norte, seja na Serra da Bodoquena, no sul.

Foi, portanto, surpreendente que em cinco de agosto desse ano o biólogo Flávio Kulaif Ubaid, durante os trabalhos de acompanhamento de araras com rádio, tenha encontrado um ninho ativo dessa espécie. Localizado no entorno da RPPN SESC Pantanal, foi colocado sobre um cambará (Vochysia divergens), uma árvore com adensamentos magníficos na região do rio Cuiabá. Situada no município de Barão de Melgaço, a RPPN possui uma extensa listagem de aves e conta com um guia de campo cuja segunda edição foi lançada esse ano somando 342 espécies. Esse valor corresponde a 75% das aves já encontradas na planície pantaneira e significa um esforço de vários anos de trabalho na reserva.

Foto: Flavio Ubaid.

No entanto, o Pantanal sempre apresenta surpresas e desde o fechamento dessa segunda edição foram encontradas mais 6 aves na RPPN, sendo a sexta o gavião-real. O encontro desse extraordinário predador, representando o máximo entre as espécies ocupantes do posto de topo de cadeia alimentar, evidencia a capacidade da espécie de usar ambientes pantaneiros. Estão agora programados estudos para avaliar sua área de vida, bem como as presas consumidas. As primeiras observações do ninho indicam que se alimenta do ouriço-caixeiro Coendou prehensilis e da cutia Dasyprocta azarae, mamíferos já determinados em outros estudos com o gavião-real no norte do continente.

Com esse registro, a imensa biodiversidade abrigada na planície do Pantanal recebe uma espécie de destaque, por seu tamanho, pelo que representa no ambiente e pelas possibilidades de sua proteção em função da existência da RPPN de 106.000 hectares.

  • Paulo de Tarso Zuquim Antas 41526k

    É biólogo e e doutor em Ecologia pela Universidade de Brasília

Leia também 1b437

Reportagens
28 de maio de 2025

“Brasil não pode ser petroestado e líder climático ao mesmo tempo”, alerta Suely Araújo 6f1l7

Em meio às discussões da COP 30, ex-presidente do Ibama critica a expansão petrolífera e aponta riscos da exploração na Foz do Amazonas

Notícias
28 de maio de 2025

“O poder da juventude está em aproximar realidades cotidianas dos espaços de decisão” 5i55

Cientista ambiental da Rede Favela Sustentável avalia papel do jovem no enfrentamento da crise climática, tema-foco do IV Fórum Terra 2030

Notícias
28 de maio de 2025

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 9106o

Ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima foi alvo de violência política e de gênero durante audiência de comissão

Mais de ((o))eco 386al

conservação 4u55e

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

Notícias

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 2p2j4c

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 22263e

fauna 4o414o

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

Colunas

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 6m1s35

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

pantanal 5tmx

Notícias

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 2p2j4c

Análises

O que cai do mundo não volta mais 6f5m5a

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

Reportagens

Hidrovia trará mais desmate, agro e mineração ao Pantanal e ao Cerrado 1b2v44

aves 422y45

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Plataforma aborda tráfico de animais em três países 3e5d9

Reportagens

O atobá quarentão que uniu gerações de pesquisadores 133o15

Salada Verde

As incríveis revoadas de guarás no litoral paranaense 5s6h6k

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 1 3wi3c

  1. Paulenir diz:

    Essas aves são encontradas fora de RPPNs, sendo em fazendas produtivas de gado, já que essas áreas a fauna também é protegida é respeitada pelos proprietários.