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Negociações continuam frias, mas clima esquenta na COP-19 t546e

País sede da conferência, a Polônia recebeu o prêmio fóssil do dia por atrapalhar as negociações e lutar contra as metas de redução de CO².

André Ferretti ·
12 de novembro de 2013 · 12 anos atrás

Crédito: Shubert Ciencia
Crédito: Shubert Ciencia

Embora com discussões ainda tímidas para avançar no estabelecimento de um novo pacto global sobre mudanças climáticas, o segundo dia da COP19 parece ter trazido à tona o sentimento de solidariedade das “partes”, como são chamadas as nações signatárias da Convenção do Clima da ONU. Um certo clima de hostilidade também parece estar começando a se instalar na capital mundial do momento para as discussões sobre o clima, a Varsóvia.

Quem circulou pelas áreas do Estádio Nacional, na capital da Polônia, na segunda-feira (11), no começo da manhã, presenciou os representantes dos mais de 190 países presentes realizarem três minutos de silêncio. O motivo da comoção silenciosa foi a lembrança da agem do tufão Hayan, pelas Filipinas, no sábado (9). O evento climático também motivou discursos emocionados nesse primeiro dia da COP19, além da promessa do negociador do país, o diplomata Yeb Sano, de iniciar uma greve de fome — e de uma ameaça em tom de convite.

Com lugar marcado na pauta dos discursos do segundo dia, a tragédia das Filipinas motivou  a  Rede de Ação Climática (CAN, na sigla em inglês), união de 850 organizações ambientalistas de todo o mundo, a conferirem ao país insular o ‘Raio da Solidariedade’. A homenagem é uma referência ao prêmio ‘Raio do Dia’, conferido ao país que mais contribui para o progresso das negociações da COP19.

Enquanto a CAN olhou as Filipinas com olhos piedosos, para o país que está sediando a COP19 restou uma visão mais pessimista. Com duas Conferências das Partes no currículo, a edição deste ano e a de 2008 (COP14), a Polônia recebeu hoje da rede o prêmio ‘Fóssil do Dia’. O ‘reconhecimento’ é destinado ao país que mais atrapalha o avanço das negociações.

Os motivos são vários.

Dentre eles, podemos citar que a Polônia é um dos principais países resistentes à elevação das metas de redução de emissões de Gases do Efeito Estufa (GEEs) na Comunidade Europeia, a partir de 2020. Talvez porque sua matriz energética esteja baseada na queima de combustíveis fósseis, em especial o carvão mineral — uma das principais fontes de emissão de GEEs na atmosfera.

Ironicamente, o país sediará na semana que vem a Cúpula Internacional de Carvão e Clima, organizada pela Associação Mundial de Carvão. O evento acontecerá simultaneamente à COP 19, justamente na semana em que chegam os ministros de estado para votarem os assuntos tratados na primeira semana da Conferência. Inclusive, a presença da secretária executiva da Convenção do Clima, Christiana Figueres, está confirmada. Ainda não se sabe exatamente qual posição ela adotará.

O país ganhador do ‘Fóssil do dia’, a Polônia, ainda surpreendeu os participantes ao publicar posts antagônicos aos preceitos da conferência, no blog do website da COP19. O discurso inadequado também esteve presente no aplicativo oficial da Conferência: na página inicial, há uma frase que gerou grande polêmica entre os participantes, afirmando que as mudanças climáticas são fenômenos naturais que já aconteceram diversas vezes na Terra. Ora, se são eventos naturais, por que os países do mundo inteiro se reuniriam anualmente para discutir o assunto?

 

 

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  • André Ferretti 63345s

    Engenheiro florestal e gerente de economia da biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

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