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Garantindo a prosperidade do Brasil  46b1i

Graças aos seus recursos naturais, o país é  forte candidato para um crescimento astronômico. Mas terá algum trabalho para mantê-lo.

27 de maio de 2010 · 15 anos atrás
  • Mathis Wackernagel e Jennifer Mitchell 4f415s

    Diretora da iniciativas estratégicas da Global Footprint Network. Global Footprint Network: www.footprintnetwork.org.

  • Jennifer Mitchell 384sn

  • Mathis Wackernagel k243f

Com uma reputação mundial de ser um líder obstinado na área de energia limpa, o Brasil tem garantido sua quota de mocinho na imprensa – que abrange desde as questões ambientais até os assuntos políticos. No entanto, há pouco tempo, um artigo publicado na internet foi interessante devido ao seu público alvo: investidores. E mais importante ainda foi a mensagem: É hora de investir no Brasil.

Este artigo foi escrito por Kevin Grewal, editor de SmartStops.net, um site que “monitora e controla com precisão os riscos de investimentos.” E, de acordo com Grewal, a abundância do país em recursos naturais, bem como seu sucesso na área de energia alternativa, tem feito o país um excelente candidato para um crescimento astronômico. 

Esta mensagem está em consonância com aquilo que a Global Footprint Network concluiu através da Iniciativa Credor e Devedor Ecológico, os recursos naturais estão se tornando rapidamente a nova riqueza das nações.

“Com o aumento da demanda internacional para as exportações de matéria prima do Brasil, os recursos devem ser cuidadosamente gereciados – agora mais do que nunca – a partir da perspectiva da conservação, do comércio, do investimento e da procura interna.”

Atualmente o Brasil é um credor ecológico, o que significa que tem mais recursos naturais renováveis (biocapacidade) do que exige sua população. Na verdade, o Brasil tem atualmente a maior biocapacidade do mundo, literalmente “É o maior país do mundo!” Essa abundância dá ao Brasil poderes para se tornar o maior exportador mundial de matérias-primas, e tem alimentado o seu crescimento econômico. O mix de energia do país é considerado um dos mais limpos do mundo e o seu valioso carbono estocado pela sua vasta floresta amazônica dá ao Brasil um valor ecológico único. As metas do Brasil para acabar com o desmatamento até 2015, aumentar a utilização de energias renováveis, o foco no uso da terra e manejo florestal e ainda se adaptar às mudanças climáticas deixarão o país bem posicionado para se tornar uma força mundial – ambientalmente, economicamente, socialmente e politicamente. 

No entanto, muitos países são – ou estão em vias de tornar-se – devedores ecológicos, ou seja, a população utiliza mais biocapacidade do que está disponível dentro de suas fronteiras. Isso significa que esses países vão crescer mais dependente das importações de países credores, como o Brasil. Com o aumento da demanda internacional para as exportações de matéria prima do Brasil, esses recursos devem ser cuidadosamente gereciados – agora mais do que nunca – a partir da perspectiva da conservação, do comércio, do investimento e da procura interna.

Hoje 81% da população mundial vive em países que utilizam mais recursos renováveis do que dispõem dentro de suas fronteiras. Como comparação, em 1961 a grande maioria dos países do mundo tinham excedentes ecológicos. Em 50 anos os recursos reduziram-se rapidamente e a pressão sobre as reservas de biocapacidade restantes continua a crescer.

Portanto, a pergunta inevitável é: como o Brasil pode manter o seu crescimento e ao mesmo tempo assegurar que seus recursos não sejam devastados em ritmo acelerado como ocorre hoje numa escala global?

Esta é a questão fundamental que cada governo nacional deve se perguntar e a qual já estamos ajudando muitos governos a responder. Em 2003, nós criamos o Global Footprint Network para ajudar a construir um futuro sustentável, onde todos possam viver uma vida satisfatória com os recursos de um único planeta. Um o essencial para atingir este objetivo é medir o impacto humano sobre a Terra, para que possamos fazer escolhas mais conscientes. É por isso que nosso trabalho tem como objetivo acelerar o uso da Pegada Ecológica – um instrumento de contabilidade dos recursos , que mede o quanto a natureza pode oferecer, o quanto nós usamos, e quem usa o quê. É a única medida que compara a distribuição de recursos contra a demanda de recursos. 

Nós também demonstramos esse impacto através da nossa calculadora de pegada, que estamos lançando no Brasil, no site do O Eco. A calculadora leva o usuário a uma série de perguntas sobre sua vida e determina a sua Pegada Ecológica. Ela também identifica suas maiores áreas de consumo de recursos e traduz isso em número de planetas que precisaríamos se todos vivessem dessa maneira. Os usuários podem então explorar maneiras de reduzir a sua pegada.

Da ação individual para a política do governo, sabemos que hoje para atingir nossos maiores desafios é necessário um esforço global – e uma grande mudança de pensamento. Acreditamos que os governos que reconheçam e se preparam para um mundo com recursos limitados terá uma maior probabilidade de assegurar o desenvolvimento econômico e bem-estar social de seu país e de seu povo.

Quais são as ameaças ao Brasil com relação ao meio ambiente, à política e às questões sociais? Como governo brasileiro pode garantir que o país continue como um bom investimento e não um empreendimento arriscado? Como o Brasil pode continuar a atender à crescente demanda por etanol sem o esgotar seus recursos?

Estes são os tipos de perguntas que iremos abordar nesta coluna mensal, utilizando os dados mais recentes – e convidamos você a nos enviar seus comentários e sugestões para outros tópicos relacionados.

“Em poucas palavras”, escreveu Grewall no artigo, “a abundância do Brasil em recursos naturais e sua disciplina fiscal e estabilidade, lhe permitiu ser um forte candidato para um crescimento astronômico nos próximos anos.”

Sim, mas vai ter algum trabalho para mantê-lo dessa maneira.

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