Colunas

Chuvas e desenvolvimento responsável 3kw59

A tragédia no Rio impôs um desafio. Quais investimentos garantirão uma economia sustentável ao invés de representar riscos ambientais?

7 de fevereiro de 2011 · 14 anos atrás
  • Mathis Wackernagel e Jennifer Mitchell 4f415s

    Diretora da iniciativas estratégicas da Global Footprint Network. Global Footprint Network: www.footprintnetwork.org.

  • Jennifer Mitchell 384sn

O estrago feito pelas chuvas em Teresópolis (RJ) (crédito: Agência Brasil)
O estrago feito pelas chuvas em Teresópolis (RJ) (crédito: Agência Brasil)
Em um esforço para impulsionar a economia por meio do desenvolvimento rápido do solo, o Brasil ficou vulnerável às chuvas fortes – e isso atingiu as economias locais mais dependentes do turismo e da agricultura.

Tomemos por exemplo as áreas mais atingidas pelas chuvas. A região serrana do Rio de Janeiro têm sido um imã para turistas e moradores abastados. Nos últimos 30 anos, governos locais e federal encorajaram o desenvolvimento rápido, com construções em áreas de risco e desmatamento nessas valiosas áreas florestadas. As cidades da serra fluminense começaram a se desenvolver com o surgimento de moradias ilegais nas encostas íngremes – muitas das quais atingidas pelos deslizamentos de terra.

“Combine intempérie com irresponsabilidade ambiental, a soma é igual a uma tragédia”, disse Carlos Minc, secretário do Ambiente do Rio de Janeiro, durante uma entrevista para jornalistas após as enchentes.

As áreas desmatadas deixaram suas áreas vizinhas mais vulneráveis a eventos climáticos severos. Segundo a revista The Economist, as áreas agrícolas no Rio de Janeiro, que são as fontes mais confiáveis de frutas e legumes estão enterradas por lama e rochas, o que fez com que os preços destas commodities não escassas subirem.

Os resultados parecem apontar para uma ironia infeliz: em um esforço para impulsionar a economia por meio do desenvolvimento rápido do solo, o Brasil ficou vulnerável às chuvas fortes – e isso atingiu as economias locais mais dependentes do turismo e da agricultura.

A presidente Dilma Rousseff prometeu se empenhar para recuperar estas regiões, mas talvez seja hora também de repensar sua postura sobre desenvolvimento. As demandas externas e internas sobre os recursos do país vão continuar a aumentar e sem uma melhor gestão, o Brasil vai novamente ser colocado em risco.

Com a aprovação da barragem de Belo Monte, foi dada luz verde para começar a limpar 238 ha de floresta ao longo do rio Xingu. De acordo com a agência de notícias United Press International, a barragem provavelmente inundará uma área de 600 km2 e secar parcialmente o rio Xingu.

Ao mesmo tempo, há um forte aumento na produção tanto de gado quanto de soja, que também estão avançando na fronteira amazônica. Conforme também salientou Lash da WRI, com o forte programa de biocombustíveis do Brasil, utilizando o etanol de cana, espera-se a expansão e a criação de mais demandas por terras agrícolas.

Para completar, o Brasil será anfitrião a Rio +20 em 2012, as Olimpíadas e a Copa do Mundo – o que exigirá um plano de infraestrutura agressivo. Todos estes desafios requerem um olhar abrangente quanto ao uso da terra no Brasil: quais investimentos irão garantir uma economia sustentável ao invés de representar riscos ecológicos e portanto econômicos?

A boa notícia, como eu mencionei na minha coluna de estréia em ((o))eco, é que atualmente o Brasil tem a maior biocapacidade do mundo. Essa abundância dá poderes ao Brasil para se tornar o maior exportador mundial de matérias-primas e tem alimentado o seu crescimento econômico. O mix de energia do país é considerada uma das mais limpas do mundo e o papel da Amazônia como sumidouro de carbono dá ao Brasil um valor ecológico único.

Mas o desafio para o Brasil também permanece o mesmo – não desperdiçar esta grande riqueza. Não dá para voltar o relógio. As decisões de desenvolvimento feitas hoje podem render benefícios econômicos a curto prazo, mas os efeitos a longo prazo podem ser catastróficos. Apenas precisamos olhar para as notícias de hoje como um lembrete direto.

Leia também 1b437

Reportagens
20 de maio de 2025

Projeto que reduz licenciamento ambiental a em comissões do Senado e vai ao plenário 1j4536

PL 2159/21 prevê autorização autodeclaratória e menos proteção a povos tradicionais e unidades de conservação. “Implosão”, define o Observatório do Clima

Notícias
20 de maio de 2025

Petrobras avança mais uma etapa no processo para exploração da Foz do Amazonas p4l5i

Ibama aprova plano da petrolífera sobre fauna atingida. Anúncio contraria parecer técnico e acontece dias depois de presidente da empresa dizer “Vamos perfurar”

Salada Verde
20 de maio de 2025

Agenda do presidente definirá data de anúncio do plano de proteção à biodiversidade 4675f

Previsão é que até 5 de junho o governo publique decreto com diretrizes da estratégia nacional, que envolve também setor privado e sociedade civil

Mais de ((o))eco 386al

chuvas 2011 3w1k

Salada Verde

UFRJ promove webinar sobre os 10 anos do desastre na Região Serrana do Rio 2b4h6b

Notícias

Nova Friburgo: antes e depois 6s2d39

Notícias

NASA divulga imagens dos deslizamentos 12n4b

Salada Verde

Para por um ponto final nas tragédias 1w1c4i

sustentabilidade 4ic2i

Colunas

O trabalho infantil e a responsabilização do futuro do planeta às crianças 2q6j38

Análises

Quanto de sapiens e quanto de grilo? 4a3o62

Salada Verde

Os caminhos para integrar a natureza brasileira aos espaços urbanos s6k2e

Reportagens

Pecuária sustentável traz esperança para a conservação do Pantanal 6g27j

oceanos 415a65

Reportagens

O quão pouco já vimos das profundezas do mar 6f1i1a

Salada Verde

APA Baleia Franca sob ataque: sociedade protesta contra tentativa de redução 1b186g

Notícias

Projeto quer reduzir APA da Baleia-Franca, em Santa Catarina 69132m

Salada Verde

Trilha Transcarioca terá trecho oceânico até arquipélago das Cagarras 2k566y

mata atlântica 3i6w4g

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 5o2g6f

Notícias

Um jequitibá de 65 metros: conheça a maior árvore viva da Mata Atlântica 2k671g

Notícias

Crise climática irá encolher o lar de anfíbios na América Latina 6vv6s

Notícias

Desmatamento na Mata Atlântica reduziu, mas queda ainda é tímida, dizem especialistas b3f58

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.