Colunas

Pós-Durban deve ter equilíbrio entre nacional e multilateral a38n

Estamos nós diante de um caso único de “boa vontade” internacional. Para garantir que as emissões continuem caindo até a definição do novo acordo, os países vão implementar as metas nacionais apresentadas em Copenhague, em 2009. 

12 de dezembro de 2011 · 13 anos atrás
  • Gustavo Faleiros 6vd2i

    Editor da Rainforest Investigations Network (RIN). Co-fundador do InfoAmazonia e entusiasta do geojornalismo. Baterista dos Eventos Extremos

Para quem saiu com uma sentença de morte da reunião de Copenhague em 2009, a Convenção da ONU sobre Mudanças Climáticas, ou UNFCCC para os íntimos, conseguiu literalmente sacudir a poeira e dar a volta por cima na Cúpula de Durban, terminada neste domingo. Há dois anos, quando os líderes falharam em produzir um acordo legal para um segundo período de compromissos de combate ao aquecimento global, o que mais se ouviu foi que o sistema multilateral já não servia como meio para a solução da maior crise ambiental enfrentada pela humanidade.

Agora, em Durban, durante a 17º Conferência das Partes da Convenção – COP 17 – um acordo com “força legal” foi assinado por todos e já se sabe que até 2015 novas metas para a redução de emissões de gases de efeito estufa terão que ser negociadas. Até 2020, no máximo, elas terão que começar a valer.

Qual o tamanho destas metas? Ninguém sabe. Para os delegados que estiveram envolvidos em três noites seguidas de negociações, bastou garantir a participação de todos – incluindo Estados Unidos e China – para gabarem-se que estavam fazendo História em Durban.

As ONGs, é claro, reclamaram que se assinou um acordo sem qualquer recheio, só a casca, como definiu o diretor da Amigos da Terra, Andy Atkins. O Greenpeace cumpriu seu papel de estraga prazeres e logo tascou: “Durban foi um fracasso.”

“A diplomacia climática dos próximos anos vai se equilibrar entre a seriedade dos países em cumprir suas metas voluntárias e o tamanho do compromisso que terão que assumir até 2020. Uma espécie de balança de pagamentos do aquecimento global. Se mantiver a casa em ordem, o país deve menos na banca internacional.”

Fracasso talvez seja uma palavra forte demais para tratar a UNFCCC, esse monstro que reúne 194 países e só pode decidir as coisas por consenso. Mas se for para pensar nos resultados, é mesmo intrigante ver a comemoração de todos por terem decidido que vão um acordo daqui a 3 anos, cujas metas só entram em vigor daqui a 8 anos.

Onde foi parar aquela urgência toda de Copenhague? O que fizeram com os dados do IPCC de que não podemos deixar o planeta sofrer um aquecimento para além de 2ºC até o fim do século? As reduções não deveriam ocorrer imediatamente?

Já teve cientista que (re) levantou a bola ( pois ela está no ar desde 2007): ou o mundo inverte a trajetória de emissões nos próximos 5 anos, ou pode ser tarde demais.

Pois aqui estamos nós diante de um caso único de “boa vontade” internacional. Para garantir que as emissões continuem caindo até a definição do novo acordo, os países vão implementar as metas nacionais apresentadas em Copenhague, em 2009. Estes compromissos pós-2012 são voluntários e, o controle sobre eles, incerto.

Não que por ser legal, Quioto tenha tido mais sucesso e controle, mas foi o acordo que permitiu o nascimento de soluções inovadoras como o Mecanismo de Desenvolvimento Limpo e a elaboração de metodologias para a contagem de carbono, além dos próprios órgãos que as aprovam.

Assim é possível imaginar que a diplomacia climática dos próximos anos vai se equilibrar entre a seriedade dos países em cumprir suas metas voluntárias e o tamanho do compromisso que terão que assumir a partir de 2020. Mas, parece óbvio que o tamanho será determinado pela seriedade. Uma espécie de balança de pagamentos do aquecimento global. Se mantiver a casa em ordem, o país deve menos na banca internacional

O Brasil tem chances de entrar bem em sua fase de metas obrigatórias. Seu compromisso doméstico de reduzir a trajetória de emissões em até 38,9% até 2020, estabelecida na Política Nacional de Mudanças Climáticas, avança, já que seu principal componente – a redução de desmatamento na Amazônia – está sendo cumprido. Mas, apareceu um novo Código Florestal no caminho. As ONGs falam que ele acaba com nosso compromisso, o Congresso diz que ele nos ajudará. Temos que descobrir qual lado está certo antes de 2020.

Leia também 1b437

Notícias
22 de maio de 2025

Governo, ongs e sociedade civil se manifestam contra aprovação do PL do Licenciamento 51131e

"Retrocesso sem precedentes" é a definição que autoridades e especialistas em meio ambiente e clima usaram em relação ao projeto votado pelos senadores

Salada Verde
22 de maio de 2025

Mostra de cinema temático levanta questões sobre o meio ambiente nas telas 4jh

Festival vai até 11 de junho e ocupa 49 espaços em São Paulo com produções envolvendo emergência climática, migração, povos originários e outros enredos atuais

Colunas
22 de maio de 2025

Mercantilização e caos no licenciamento ambiental brasileiro 6y4jn

Para um país com enorme dificuldade de implementar leis de proteção ambiental (enforcement), o PL abre definitivamente a porteira da insustentabilidade

Mais de ((o))eco 386al

Caixa Postal g5y6t

Análises

Os oportunistas da notícia 3m5r59

Análises

O MT Ilegal 4p338

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 3u6f47

Análises

Biomas esquecidos 4qt19

unidades de conservação 4x4ed

Colunas

Mercantilização e caos no licenciamento ambiental brasileiro 6y4jn

Notícias

Com mudanças de última hora, projeto-bomba do Licenciamento é aprovado no Senado 38r1b

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 5o2g6f

Reportagens

Maior área contínua de Mata Atlântica pode ser mantida com apoio do turismo 91ys

mudanças climáticas 4jg2j

Salada Verde

Mostra de cinema temático levanta questões sobre o meio ambiente nas telas 4jh

Salada Verde

Brasil está está entre os dez países líderes em projetos com créditos de biodiversidade 486v1o

Notícias

Petrobras avança mais uma etapa no processo para exploração da Foz do Amazonas p4l5i

Reportagens

Brasil aposta na conciliação entre convenções da ONU para enfrentar crises globais 3p1w31

aves 422y45

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Plataforma aborda tráfico de animais em três países 3e5d9

Reportagens

O atobá quarentão que uniu gerações de pesquisadores 133o15

Salada Verde

As incríveis revoadas de guarás no litoral paranaense 5s6h6k

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.