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Resiliência indígena – um exemplo a ser seguido 1k633p

Indígenas são incansáveis em defender seus territórios, sua cultura e manter suas tradições, mas luta deve ser de todos

3 de maio de 2024 · 1 anos atrás
  • Valcléia Lima 3t3v2

    Superintendente de Desenvolvimento Sustentável da Fundação Amazônia Sustentável (FAS).

Quando falamos dos povos originários é importante, antes de qualquer coisa, reforçar que essa terra pertence a eles e que é equivocada a narrativa de que o Brasil foi descoberto, uma vez que sabemos que o país já era habitado pelas populações indígenas. Eram eles os donos de toda a riqueza e os invasores, não satisfeitos em usurpar o território, tentaram exterminar suas populações. Até hoje, os povos indígenas lutam para garantir a sua sobrevivência e garantir que seus territórios sejam de fato e de direito deles.

Sai e entra governo e os territórios continuam sendo ameaçados, seja pelo garimpo ilegal, pelo desmatamento ou pela exploração de seus minérios, mas especialmente pela ausência do cuidado.

Nós enxergamos a luta dos povos indígenas de forma fragmentada. Eles são incansáveis em defender seus territórios, sua cultura e manter suas tradições. Posso citar algumas lideranças que fazem isso de forma solitária ou em coletivos, chamando outros a participarem, e mostrando sua capacidade de liderar que, muitas vezes, vem de berço.

Algumas dessas pessoas estão tão próximas a nós, como é o caso do seu Waldemir da Silva, da comunidade Três Unidos, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) Rio Negro, que faz questão de manter a tradição da língua Kambeba. Ele é uma referência, pois carrega em si e transmite sua cultura para as futuras gerações. Manter essas tradições, além de resiliência, também é sinônimo de resistência.

É uma forma de dizer: “nós estamos aqui, temos uma história e ela não vai acabar”. Quando você olha para seu Valdemar como liderança indígena – que é quem dita de forma muito inteligente aquilo que ele vê como permanência da história do povo que ele representa – nós vemos novas lideranças desse território surgindo e se tornando porta-vozes a partir do que ele vem disseminando há anos.

Exemplo disso é sua filha Neurilene Cruz, que é empreendedora e faz parte de uma primeira geração de descendentes. Depois dela vem Tainara Cruz, que é da segunda geração e se tornou uma comunicadora e porta-voz do legado das populações indígenas. Diariamente, para que não caia no esquecimento, Tainara traz esse empoderamento para reafirmar que ninguém pode ar por cima dos seus direitos e do legado que eles tão bem vêm desenvolvendo.

Quando olhamos para as tradições, eu me lembro da saudosa dona Bacu, que foi uma liderança feminina e deixou um legado enorme em relação, especialmente, à medicina tradicional. Ela foi uma mulher que manteve a família unida, enquanto viva, em um bairro urbano do município de Iranduba. E esse legado segue por meio da filha. Então, quando se fala em cuidar de ancestralidade e da saúde, a dona Bacu vem à minha mente.

Ao falar sobre pessoas que romperam o limite, eu penso na Graziela Santos, nossa arqueira indígena da etnia Karapanã, que está no esporte representando não só a população indígena, mas o Brasil, muitas vezes em espaços importantes. Espaços esses que nem sempre deram voz às populações indígenas, pois infelizmente nosso país ainda é preconceituoso e não valoriza toda a trajetória ancestral, a nossa origem. Então, ver uma indígena se destacar e mostrar sua força é muito importante e necessário, para olhá-los com mais afeto e respeito.

Tão perto de nós, na Fundação Amazônia Sustentável (FAZ), temos nossa querida Rosa dos Anjos, que é Mura no sangue e alma. Uma pessoa que também tem um lugar de fala, apoiando e desenvolvendo ações com mulheres de várias etnias. Ela tem sido porta-voz na área de empreendedorismo, mas também vai à luta, participando de movimentos, marchas indígenas, e que tem contribuído para que, de fato, as pessoas enxerguem as populações tradicionais com consideração para que as pessoas não-indígenas internalizem essa luta.

Precisamos endossar esse coro e se indignar cada vez que olharmos um irmão indígena sendo marginalizado, sendo envenenado pelo mercúrio, ou quando olhamos suas terras sendo invadidas. Não podemos cruzar os braços! E muito mais que indignação, precisamos fazer parte, porque a luta não é somente deles, é nossa.

Lutamos pelo mesmo território. Viva os povos originários e sua resistência!

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