TRANSIÇÃO ENERGÉTICA 2n4q1c

Com uma matriz elétrica fortemente ancorada nas usinas hidrelétricas, e a expansão das fontes solares e eólicas, o Brasil pode se considerar confortável diante de um mundo que corre para se adequar aos trilhos da “transição energética”. O caminho para o futuro, entretanto, ainda traz armadilhas e erros podem custar caro. Com uma insegurança hídrica cada vez maior acentuada pela crise climática, as hidrelétricas correm risco de perder espaço para o lobby das termelétricas. Em outro ponto crítico, a exploração de petróleo em áreas ecologicamente sensíveis põe em xeque o compromisso de descarbonização do país. No pano de fundo dessa discussão, os impactos negativos das energias “verdes” sobre a biodiversidade e a população local seguem majoritariamente desconsiderados.

Nesta série de cinco reportagens especiais, realizada com o apoio do Climate Tracker, traçamos um panorama do atual estado da arte da produção de energia no Brasil. Analisamos ainda, com base em dados disponibilizados por diversos organismos governamentais e não governamentais, para onde o país caminha em um cenário de médio e longo prazo. Entrevistas especiais e explorações de campo nos permitem entender os principais problemas ainda enfrentados, mas muitas vezes invisibilizados, como a pobreza energética e os impactos de novas hidrelétricas na Amazônia e da energia eólica sobre a população local, humana ou não.  

Ao final, esta série visa compreender de forma ampla as conquistas e vantagens do Brasil na corrida pela energia verde de baixo ou zero carbono, sem deixar de salientar as encruzilhadas e desafios em tempo de ajustarmos a rota para não repetirmos erros de um ado que nos legou 89% de consumo de energia “limpa”, aos custos da biodiversidade e do bem-estar das populações locais.