A organização Amigos da Terra – Amazônia Brasileira anunciou hoje (16) que vai incluir financiadores e acionistas de frigoríficos acusados de comercializar carne vinda de áreas desmatadas em ações judiciais. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) também será citado nas ações. Segundo a Amigos da Terra, esta é uma de várias iniciativas que serão formalizadas na Justiça, para estender as responsabilidades por danos ambientais aos financiadores.
O banco público não seria apenas financiador das atividades, mas sócio dos frigoríficos, já que as operações diretas realizadas no ano ado ocorreram com “participação de capital”. Por isso, o BNDES não poderia rescindir contratos, como fez o Banco Mundial na última sexta-feira (12), anunciando o fim do apoio ao frigorífico Bertin.
Ao longo de 2008, o BNDES investiu quase seis bilhões de reais em operações diretas (com participação de capital) em frigoríficos, dos quais, 4,7 bilhões nos quatro principais grupos da pecuária bovina, Bertin, JBS Friboi, Independência e Marfrig. Este valor não inclui os mais de sete bilhões que bancos públicos destinaram no mesmo ano para a pecuária.
Segundo Roberto Smeraldi, diretor da Amigos da Terra, as ações não têm intenção punitiva, mas sim propositiva. A idéia é criar instrumentos que permitam acompanhar as ações de bancos e financiadores de forma constante, e não somente quando o assunto está na pauta das discussões. Neste contexto, de acordo com o diretor, o BNDES é o que tem mais condições de reverter a lógica da degradação, a partir da de Termos de Ajustamento de Conduta e, assim, servir de base para a mudança de postura de outros financiadores. “O objetivo é poder criar condições com alguém que tenha dinheiro para assegurar o financiamento da mudança de padrão de produtividade e da política de compra”, disse. A primeira ação será impetrada amanhã (17). O BNDES não se manifestou sobre o assunto.
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