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Os 38 votos a favor não foram suficientes para transformar o Atlântico Sul em um santuário para baleias. Liderados pelo Japão, votaram contra 21 países. O número é baixo, quase a metade do número de países a favor, mas suficiente para impedir que se alcançasse o patamar de 75% de votos favoráveis, necessário para aprovação da proposta. A decisão ocorreu ontem (2) durante a 64ª quarta reunião anual da Comissão Internacional Baleeira (CIB), realizada no Panamá.
O Brasil apresentou a proposta do Santuário em 1998, co-patrocinada pela Argentina e pelo Uruguai. Ela também teve o apoio dos demais países latino-americanos e dos Estados Unidos. A resistência principal é do Japão, que tem como aliados importantes países como a Rússia, Islândia e Noruega.
Para a presidente do Instituto Baleia Jubarte, Márcia Engel, que acompanha as discussões, perdeu-se uma oportunidade ímpar de livrar o Atlântico Sul da caça. “Esta é uma região em que a atividade [caça às baleias] já não é praticada e na qual o turismo de observação e a pesquisa crescem todos os anos. Eles têm um enorme potencial de geração de renda para as comunidades costeiras”, afirmou.
Apesar de líder da proposta, o Brasil não participou das reuniões prévias. A representação do país na reunião é feita por Marcos Pinta Gama, diplomata experiente em política internacional, na opinião de Márcia Engel, mas sem conhecimento profundo das questões relacionadas às baleias. Ele conta com apoio de dois técnicos do Ministério do Meio Ambiente, que não têm experiência prévia em reuniões da CIB ou em conservação de baleias.
No ano ado, quando a proposta foi retirada da votação, também faltaram representantes da área ambiental do governo brasileiro. Na reunião de 2011, a proposta tinha chance de ser aprovada, mas não chegou a ser votada, devido a uma manobra do Japão e de outros países contrários a idéia.
O Brasil deve buscar apoio de países africanos, defende Engel. Principalmente aqueles com quem mantém vínculo econômico, para conseguir aprovar a proposta na próxima oportunidade. “O voto favorável do Gabão à proposta do santuário este ano é um resultado do trabalho diplomático, pois historicamente este país sempre votou contra os interesses do Brasil”, disse. “Falta convencer outros, o que é factível”.
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* Nota editada em 04/07/2012 às 16 horas.
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