Notícias

Conheçam os novos bodós das correntezas do Pará 4b1y1t

Eles sempre viveram lá, mas só agora foram descobertos. A ironia é que estudos para as obras que os ameaçam possibilitaram a descoberta.

Vandré Fonseca ·
26 de abril de 2013 · 12 anos atrás
O Hypostomus delimai foi já havia sido encontrado em Tucuruí, mas só foi descrito agora, após ser coletado também no Rio Araguaia. Crédito: Neotropical Ichthyology
O Hypostomus delimai foi já havia sido encontrado em Tucuruí, mas só foi descrito agora, após ser coletado também no Rio Araguaia. Crédito: Neotropical Ichthyology

Manaus, AM – Os cascudos ou bodós fazem parte de numerosa família de peixes, Loricariidae. São mais de 800 espécies descritas, um número que constantemente precisa ser atualizado devido a novas descobertas. Uma das situações que viabiliza aos pesquisadores encontrarem novos integrantes dessa família é justamente uma das ameaças à existência delas, a construção de barragens na Amazônia em regiões ainda pouco exploradas. A ironia é que se não fossem os estudos de impacto ambiental exigidos por essas grandes obras uma parte desses peixes continuaria desconhecida para a ciência.

É o caso, por exemplo, do Hypostomus delimai (batizado em homenagem ao pesquisador Flávio Tadeu de Lima, do Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia). O biólogo Renildo Ribeiro de Oliveira, também do Inpa, e um dos autores do artigo, conta que a espécie já havia sido coletada nos estudos para a construção da hidrelétrica de Tucuruí, na década de 80. Há alguns anos, novos indivíduos chegaram à coleção do Inpa, desta vez vindo do Araguaia. Nos estudos realizados pelos pesquisadores, ficou evidente que tantos os peixes que vieram do Tucuruí quanto os do Araguaia eram da mesma espécie, que continuava sem uma descrição oficial.

Finalmente, ela foi descrita em um artigo publicado no final de mês de março, na revista científica “Neotropical Ichthyology”, da Sociedade Brasileira de Ictiologia. É um peixe que parece sobreviver em ambientes de várzea e provavelmente tem alguma resistência a mudanças no ambiente provocadas por hidrelétricas. Ao contrário, por exemplo, da também recém descoberta espécie Peckoltia feldbergae, mais restrita a ambientes de corredeiras.

O nome P. feldbergae é homenagem à pesquisadora Eliana Feldberg. A descrição da espécie foi publicada na edição de setembro de 2012 da revista científica Copeia. Ela tem menos de 15 centímetros de comprimento. Provavelmente foi parar primeiro em aquários da Europa antes de despertar a atenção dos cientistas. Como vive em corredeiras do Rio Xingu, pode estar ameaçada pela construção de Belo Monte.

Assim como a P. feldbergae, dois bodós ornamentais do genêro Baryancistrus (B. xanthellus e a B. chrysolomus) foram descritos nas corredeiras do Xingu. Por terem um tamanho um pouco maior, fazem parte da alimentação de populações ribeirinhas. Antes destes, apenas outras 4 espécies do gênero eram conhecidas. Porém, o grupo está aumentando e Renildo Oliveira antecipa que existem pelo menos 2 outras espécies já descobertas nesse gênero, que ainda não tem descrição.

As novas espécies descobertas de bodós chamam a atenção pelo colorido e pelo risco a que estão sujeitas. As 3 vivem em corredeiras, ameaçadas pela construção de Belo Monte. “A gente não pode prever o que vai acontecer, mas o mais provável é que elas não se adaptem às mudanças no ambiente provocadas pelas barragens”, diz Renildo de Oliveira.

Assista a um vídeo com B. xanthellus

  • Vandré Fonseca 5j195d

    Jornalista especializado em Ciências e Meio Ambiente.

Leia também 1b437

Salada Verde
25 de março de 2009

Peixinhos apreendidos 294o14

Sete mil peixes ornamentais foram apreendidos na noite de ontem no Porto do São Raimundo, em Manaus. Eles eram transportados em 140 caixas, dentro de um contêiner, que trazia a carga de Santa Isabel do Rio Negro, noroeste do estado. A maioria era de duas espécies: rosa-céu e bodó. Segundo o supervisor do policiamento ambiental

Salada Verde
10 de junho de 2025

Evento ambiental reúne diferentes vozes na Lapa c2g3s

Encontro no Rio de Janeiro promove discussão sobre desigualdade climática, justiça social e o impacto do estresse térmico em populações invisibilizadas, como os trabalhadores

Reportagens
9 de junho de 2025

Depois de mais de 200 anos, araras ganham uma nova chance no Rio de Janeiro 666w28

Quatro araras-canindés chegaram no Parque Nacional da Tijuca, onde permanecerão em recinto de aclimatação até que estejam aptas à soltura. Iniciativa é liderada pelo Refauna

Mais de ((o))eco 386al

peixes 345j50

Notícias

Cientistas descobrem espécie de peixe que vive solitária na Amazônia 63v30

Notícias

Financiamento coletivo ajuda na descoberta de duas espécies de peixes na Amazônia 47965

Salada Verde

Multados em R$ 2,3 milhões por vender peixes de aquário com alterações genéticas 3m5cw

Salada Verde

Cardume de raias faz “desfile” surpresa em pleno Carnaval carioca 312s51

biodiversidade 1l5w1a

Notícias

Ave criticamente em perigo de extinção, soldadinho-do-araripe ganha um refúgio 1k6t67

Reportagens

Como as unidades de conservação podem resistir à crise climática? b3o6p

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

Colunas

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 6m1s35

amazônia 245k3y

Notícias

Morre Dalton Valeriano, responsável por modernizar o monitoramento do desmatamento no país 572e32

Colunas

O segredo mais bem guardado da política climática brasileira w625b

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 9106o

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

ictiofauna 3l4u50

Notícias

Cientistas descobrem espécie de peixe que vive solitária na Amazônia 63v30

Colunas

Uma arca ou uma Ubá? r4v65

Reportagens

No Canadá, ecoa antiga demanda pela criação do Parque Nacional do Albardão 5v344a

Notícias

Peixe das nuvens ameaçado é encontrado no estado do Rio  4x1q70

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.