Notícias

O terror das formigas 2z2459

Não bastasse o tamanduá, estes insetos também são o prato principal do homenageado da semana: o formigueiro-do-litoral. Foto: Prof. Sávio Freire Bruno

Redação ((o))eco ·
9 de agosto de 2013 · 12 anos atrás

Exemplar adulto macho de Formicivora littoralis, espécie criticamente em perigo de extinção. Foto realizada pelo Prof. Sávio Freire Bruno/Wikimedia Commons
Exemplar adulto macho de Formicivora littoralis, espécie criticamente em perigo de extinção. Foto realizada pelo Prof. Sávio Freire Bruno/Wikimedia Commons

O Formigueiro-do-litoral (Formicivora littoralis) é uma ave que só pode ser encontrada Mata Atlântica, numa estreita faixa de restinga ainda existente na Região dos Lagos, no Estado do Rio de Janeiro. Também conhecido na área como “Com-com” ou “Conconha”, é considerado como a única ave endêmica do ambiente de restinga. Embora a espécie tenha sido descoberta pela primeira vez em 1951, apenas foi descrita quase 40 anos depois e, desde então, não foram realizados suficientes estudos sobre a sua biologia.

O formigueiro, em média, mede 14 cm de comprimento e pesa 15 gramas. A espécie apresenta dimorfismo sexual, manifestado na plumagem: o macho é negro com detalhes em branco nas asas e na cauda, que é adornada por pequenos círculos; a fêmea tem a face clara, coberta por uma “máscara” negra sobre os olhos; o dorso é castanho e o ventre, bem claro.

Como as demais espécies do gênero Formicivora, formigueiros-do-litoral são monogâmicos, formando casais que estabelecem e defendem vigorosamente territórios, que são mantidos ao longo de todo o ano. Por habitar as restingas e formações litorâneas do litoral fluminense, preferem as áreas próximas à praia, onde a vegetação é espinhosa, formando uma frágil, mas quase impenetrável, muralha de galhos secos, rica em cactos e bromélias. Seus ninhos, em forma de cesto, são construídos com fibras vegetais, cascas de árvores e teias de aranha, por ambos os membros do casal, que também se revezam na incubação dos ovos e na criação dos filhotes.

Apesar do nome, o formigueiro não vive apenas à caça de formigas. Sua dieta também inclui, entre outros, pequenos invertebrados que vivem na restinga (larvas, mariposas, coleópteros) e frutos que ali se desenvolvem. Ocasionalmente, forrageiam junto a outras aves insetívoras, em bandos mistos, especialmente em porções de restinga arbórea.

Embora seja localmente abundante em habitat apropriado e capaz de persistir em pequenas áreas isoladas de hábitat remanescente, acredita-se que sua população total deve ser pequena e certamente declinou muito nos últimos dez anos, em decorrência da expansão imobiliária na sua área de ocorrência. Entre a descrição da espécie e sua imediata inclusão em listas de espécies ameaçadas de extinção no Brasil, no início da década de 1990, nenhuma medida efetiva de proteção foi tomada.

A especulação imobiliária na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro, tem sido a maior causa da destruição das restingas e, portanto, da ameaça de extinção do formigueiro-do-litoral. É comum que áreas litorâneas próximas a grandes centros urbanos sejam altamente valorizadas como áreas de veraneio e lazer de finais de semana, além de abrigar uma populações humanas residentes em franco crescimento. Em decorrência disso, é contínua a redução e fragmentação de seus habitats.

Espécie considerada criticamente em perigo pelo ICMBio, e ameaçada pela IUCN, sua sobrevivência depende da conservação das restingas, ameaçadas pela ocupação irregular, especulação imobiliária e empreendimentos turísticos mal planejados na região.

  • Redação ((o))eco 59464e

Leia também 1b437

Notícias
29 de maio de 2025

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WR 1p3pn

Incêndios catastróficos impulsionam o fenômeno. Total perdido atinge 6,7 milhões de hectares, quase o dobro de 2023 e uma área próxima ao território do Panamá

Reportagens
29 de maio de 2025

Ribeirinhos e MPF querem cancelar licença para remover rochas em rio da Amazônia pb6y

Ibama autorizou implosão do Pedral do Lourenço, no Pará, obra que viabiliza a hidrovia Tocantins-Araguaia, nesta segunda-feira (26)

Salada Verde
29 de maio de 2025

Podcast investiga o que restou de Porto Alegre um ano após a enchente de 2024 6b493i

Com cinco episódios, a série documental traz reflexões sobre colapso, memória e reconstrução a partir da tragédia no Rio Grande do Sul

Mais de ((o))eco 386al

conservação 4u55e

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WR 1p3pn

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Reportagens

Ajustes em trilha podem melhorar sua função de corredor ecológico no Cerrado 4k6c5j

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

aves 422y45

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Plataforma aborda tráfico de animais em três países 3e5d9

Reportagens

O atobá quarentão que uniu gerações de pesquisadores 133o15

Salada Verde

As incríveis revoadas de guarás no litoral paranaense 5s6h6k

fauna 4o414o

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

Colunas

Cientistas negras viram a Maré: protagonismo e resistência na ecologia, evolução e ciências marinhas 6m1s35

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Capa 2w1x46

Fotografia

A Catedral de Mármore 1l2c1o

Fotografia

Um monte entre as nuvens g2g73

Fotografia

Uma praia sem mar 476f1t

Fotografia

Preikestolen, o Púlpito de Pedra 516z5t

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.