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“Andes Água Amazônia” integra programação do Filmambiente 182s1g

1º documentário produzido pelo ((o))eco mostra impactos das mudanças no ciclo hidrológico nos Andes e na Amazônia. Festival acontece no Rio.

Fabíola Ortiz ·
29 de agosto de 2013 · 12 anos atrás

 Navegando pelo Rio Napo, quase na fronteira com o Peru. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar
Navegando pelo Rio Napo, quase na fronteira com o Peru. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar

Rio de Janeiro – Foram 30 dias percorrendo o caminho das águas das altas montanhas da Cordilheira Andina até alcançar a Amazônia. O desafio era mostrar como se integram estes dois biomas que, de tão distantes, são tão próximos. E a água é o principal elo. O fotógrafo e documentarista Márcio Isensee, de 28 anos, participou da missão para registrar as pressões que os ecossistemas Andinos, chamados de Páramos, têm sofrido com atividades agropecuárias, desmatamento e outras interferências humanas.

Produzido em parceria com o site ((o))eco, “Andes Água Amazônia” foi realizado nos meses de junho e julho de 2012 no âmbito de um projeto da ONG americana Finding Species e agora participa da programação oficial do Filmambiente – Festival Internacional do Audiovisual Ambiental que ocorre entre os dias, 30 de agosto a 5 de setembro, no Rio de Janeiro.

Equilíbrio hidrológico da Amazônia

Os rios que nascem nos cumes andinos fazem uma longa trajetória até à úmida floresta amazônica. Eles são os responsáveis pelo equilíbrio hidrológico da Amazônia. As águas inundam as planícies alimentando as matas mais biodiversas do planeta.

Para Márcio Isensee, o objetivo do projeto é dar visibilidade para a relação dos Andes e da Amazônia no que tange os recursos hídricos.

“O Equador foi o país escolhido pois lá estava uma das sedes da Finding Species e na clara relação da parte andina no país na formação dos rios que correm para a Amazônia. Os rios começam bem pequenos a muitos metros de altitude e vão formando rios maiores que descem a cordilheira oriental rumo ao planalto amazônico. Lá se formam os maiores rios do país e mais importantes economicamente, como o Rio Napo, por exemplo, percorrido por nós no filme”, contou.

Héctor Grefa, guia turístico e profundo conhecedor do Rio Napo. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar
Héctor Grefa, guia turístico e profundo conhecedor do Rio Napo. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar

É entre os Andes e a Amazônia onde ocorre um dos mais importantes ciclos hidrológicos responsável por um quinto da água doce do planeta. Esse processo natural implica que qualquer alteração ambiental inevitavelmente afetará as populações e a sobrevivência do homem na região.

“A presença da Cordilheira dos Andes no Equador é muito determinante para entender o que ocorre na zona amazônica. É o que determina os padrões de precipitação na cordilheira oriental e, de fato, todas as massas de ar que vêm da Amazônia baixa do Brasil e Peru são as que chocam com os Andes equatorianos e provocam grandes quantidades de precipitação. Há uma conexão direta entre o que ocorre entre a zona alta dos Andes e a Amazônia”, discutiu o ecólogo aquático Juan calles, entrevistado no documentário.

“Andes, Água, Amazônia” já participou do EcoZine 2013 (Festival Internacional de Cine y Mediambiente de Zaragoza), na Espanha, e no Albufera Films 2012 (Festival Latinoamericano de Cortometrajes Ambientales) na Argentina em que recebeu menção honrosa.

“Foi um projeto de grande intensidade pra mim. Minha primeira vez na Amazônia onde pude ver de perto as mazelas e belezas deste bioma”, comentou Isensee ao destacar o prazer de ter sido o único brasileiro a integrar a equipe de gravação.
No mundo do jornalismo ambiental, Isensee dirigiu “Verdejar” (2011, 5’58); “Parque das Neblinas” (2010, 5’34) e “Manguezal do Jequiá” (2012, 3’54).

Filmambiente

Filmagem do documentário Andes Agua Amazônia, na cidade de Coca, Equador. Foto: Martin Bustamante | Clique para ampliar
Filmagem do documentário Andes Agua Amazônia, na cidade de Coca, Equador. Foto: Martin Bustamante | Clique para ampliar

O documentário de ((o))eco integra a mostra Planeta Ultrajado e será exibido na quarta-feira, dia 4 de setembro, às 13h30 no Museu do Meio Ambiente, localizado na Rua Jardim Botânico, 1.008, no Rio de Janeiro. Isensee estará na sessão para bater um papo com o público.

A terceira edição do Filmambiente reúne 68 filmes das mais recentes produções nacionais e de fora sobre questões ambientais com o objetivo de provocar debates e contribuir para ampliar o conhecimento e a consciência sobre as mudanças comportamentais necessárias, de governos, empresas e indivíduos, pela preservação da vida no planeta.

A mostra competitiva exibe 13 longas e 20 curtas. O tema central desta edição é “Do DDT e hormônios à Segurança Alimentar”. O festival reúne ainda mostras como o “Planeta Ultrajado”, com filmes que narram como os impactos da ação humana no planeta; “Será mesmo só ficção?” com filmes de ficção que refletem preocupações planetárias; “Agir+Mudar”, que apresenta soluções criativas encontradas por comunidades ou indivíduos para combater problemas recorrentes. Será exibida ainda uma seleção de longas-metragens feita pelo National Film Board do Canadá.
Além de brasileiros, o festival apresenta produções de países como Portugal, Canadá, França, Suíça, Áustria, Alemanha, Bolívia, México e Grécia.

Clique aqui para ver a programação completa do Filmambiente.

Destaques

Leonor Nuñez, moradora de uma das poucas casas dentro do Parque Nacional Llanganates, nos Andes Equatorianos. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar
Leonor Nuñez, moradora de uma das poucas casas dentro do Parque Nacional Llanganates, nos Andes Equatorianos. Foto: Ruben Ramírez | Clique para ampliar

Alguns destaques vão para o filme de abertura “Caçadores de Fruta” (Canadá , 2012, 94 minutos) de Yung Chang. O longa mostra aventureiros caçadores de frutas que viajam pelo mundo com a esperança de localizar e interferir antes que as plantas sejam pasteurizadas pela industrialização. O filme atravessa culturas, história e geografia para mostrar como estamos ligados às frutas que comemos.

Na Competição de Longas Metragens – Documentários, o documentário “Os Chefões Piraram” de Fredrik Gertten (Suécia, 2012, 88 minutos) conta o drama sobre o processo movido por 12 trabalhadores rurais da Nicarágua contra a empresa Dole Food Company. Com exibição prevista no Festival de Los Angeles, o filme foi inesperadamente retirado da seleção, seu diretor e equipe processados pela mesma empresa por difamação.

Já a coprodução entre Colômbia, Bolívia e EUA mostra a vida de mais de dez mil trabalhadores no sudoeste da Bolívia que cavam túneis nas encostas de Cerro Rico, o maior depósito de prata. O longa “Cerro Rico, Terra Rica”, de Juan Vallejo (2012, 90 minutos) registra o trabalho manual intenso, acachapante e perigoso realizado a mais de quatro mil metros acima do nível do mar. O filme, realizado na cidade de Potosi, é um retrato de duas comunidades nas terras altas potosinas, um mosaico das tradições de trabalho na América Latina. O documentário foi realizado na cidade de Potosi e no Salar de Uyuni, a maior extensão de sal terrestre do mundo.

Já na Competição de Curtas Metragens, a história dos piratas da Somália é mostrada em “Pescando sem redes” de Cutter Hodierne (EUA, 2011, 17’6 minutos).

No Brasil, “Os Invisíveis de Belo Monte” de François-Xavier Pelletier e Magnolia de Oliveira (França, 2012, 59 minutos) integra a mostra Planeta Ultrajado. O documentarista francês vai ao coração de Volta Grande do Xingu, na Amazônia brasileira, onde será construída a controversa hidrelétrica de Belo Monte. Lá o filme encontrar personagens e discute a polêmica por trás deste mega empreendimento.

 

 

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  • Fabíola Ortiz 233l2x

    Jornalista e historiadora. Nascida no Rio, cobre temas de desenvolvimento sustentável. Radicada na Alemanha.

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