Notícias

Almir Sater: “Grandes lavouras estão chegando perto do Pantanal” 362e4v

Nas redes sociais, cantor se une a movimento que busca proteger o bioma da soja. Manifestação ocorre após arquivamento de projeto que queria proibir avanço de monoculturas no Pantanal

Michael Esquer ·
20 de abril de 2023 · 2 anos atrás

Intérprete do misterioso peão Xeréu Trindade, o “Cramulhão”, na primeira versão da novela Pantanal, e do sábio chalaneiro Eugênio, que levava turistas para conhecer o bioma, no remake da produção, o cantor Almir Sater utilizou as redes sociais para denunciar o avanço da agricultura sobre o Pantanal. A declaração do artista sul-mato-grossense, que levou a música sertaneja do bioma às telas do País, se soma à campanha que quer proteger a planície pantaneira do avanço de monoculturas, como a soja. 

“Isso é realmente muito preocupante. Eu não sou contra a soja, nem grandes lavouras, mas não aqui no Pantanal. Eu sou um produtor rural também”, declarou Sater nesta quarta-feira (20). O cantor disse que recebeu neste mês a visita do governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB-MS), na região do Pantanal do Rio Negro, onde expôs o temor. 

“Levamos até ele a preocupação em relação à fragilidade do nosso bioma, vendo que as grandes lavouras estão chegando perto do Pantanal, algumas já estão dentro do Pantanal, lavoura de soja no Pantanal”, acrescentou. 

O músico disse que esteve recentemente em Miranda, uma das microrregiões do Pantanal, onde foi informado que técnicos teriam constatado a presença de “veneno” na água. “Se tem na água, tem no peixe, se tem no peixe, tem na gente”, declarou. 

O Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul) esteve no rio Miranda em fevereiro deste ano, após o registro da morte de peixes no curso d’água. Como mostramos, uma perícia elaborada pelo órgão indicaria se o fenômeno era natural ou provocado por agrotóxicos. Esse documento não foi tornado público, e nem sabe-se se foi concluído, mesmo após solicitação de informação ao Imasul e à ouvidoria do estado. 

“Eu peço a sensibilidade das nossas autoridades, a sensibilidade da nossa população: nos ajudem a defender esse Patrimônio da Humanidade, para que no futuro o Pantanal continue cada vez melhor”, concluiu o cantor. 

Projeto arquivado l3k73

No mês ado, um projeto de lei (PL) quis proibir a expansão e a abertura de novas áreas para monocultura, sobretudo de soja, no Pantanal sul-mato-grossense. Protocolado na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALMS) pelo deputado estadual Pedro Kemp (PT-MS), a matéria foi arquivada neste mês após parecer contrário da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR). 

“O projeto em análise apresenta restrição indevida na propriedade privada, ao impor limitações que extrapolam as normas gerais já fixadas pela legislação federal”, disse o documento. “Desse modo, conclui-se que o Projeto de Lei apresentado apresenta vício de inconstitucionalidade material, o que impede sua regular tramitação”, completou o parecer da comissão, composta majoritariamente por parlamentares que integram a Frente Parlamentar em Defesa do Agronegócio

O arquivamento da matéria provocou revolta em setores da sociedade civil, que nesta terça-feira (18) realizaram uma manifestação na Casa de Leis do estado. Participaram do ato ambientalistas, professores e pesquisadores, como noticiou a mídia local, além do Instituto SOS Pantanal, que em março tinha dito que o PL era importante para garantir a proteção e o desenvolvimento sustentável do bioma. 

Monocultura no Pantanal  3z5y42

Colheita de grãos em produção rural. Foto: Charles Echer/Pixabay

No Pantanal, o avanço das lavouras temporárias saltou de 4,1 mil hectares (ha) em 1985 para 17,3 mil ha em 2021, um número quatro vezes maior. Os números são do levantamento de Uso e Cobertura do MapBiomas. Desse total, 605 ha são de soja identificados visualmente em duas regiões ao leste do bioma, conforme informou a equipe da rede colaborativa que monitora o Pantanal. 

Se monoculturas também fossem proibidas na porção sul-mato-grossense do Pantanal, o bioma como um todo teria o plantio de soja proibido. Isso porque em Mato Grosso, o plantio de culturas de larga escala, como a cana e soja, já está proibido conforme determina a Lei nº 8.830/2008 – também conhecida como a Lei do Pantanal do estado. 

  • Michael Esquer 24f2t

    Jornalista pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), com agem pela Universidade Distrital Francisco José de Caldas, na Colômbia, tem interesse na temática socioambiental e direitos humanos

Leia também 1b437

Notícias
6 de abril de 2023

Projeto que barra soja no Pantanal em Mato Grosso do Sul é arquivado 256y2b

Matéria foi rejeitada após parecer contrário da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, composta por parlamentares da Frente Parlamentar em Defesa do Agronegócio

Notícias
22 de março de 2023

Projeto quer frear avanço da soja no Pantanal em MS 4y2j2g

Proposta quer proibir novos plantios de soja e outras monoculturas para proteger bioma de ameaças como a perda de habitat e contaminação da água

Reportagens
19 de julho de 2022

Chegada da soja amplia pressões sobre o Pantanal 4t671h

Novas tecnologias de produção, mudanças climáticas e ambientais podem favorecer o avanço das lavouras, que hoje ocupam ao menos 600 hectares

Mais de ((o))eco 386al

mato grosso do sul 1o673

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

English

The conservation of the lesser anteater in the Pantanal depends on protecting the giant armadillo 211v9

Notícias

A conservação do tamanduá-mirim no Pantanal a pela proteção ao tatu-canastra 254s2b

Notícias

Onça-pintada é a mais recente vítima da ‘rodovia da morte da fauna’, em MS  5h2c1i

agricultura 474h3c

Notícias

Mais sustentabilidade e menos juros: a aposta do novo Plano Safra 1z1z5w

Notícias

Publicação faz diagnóstico da insegurança alimentar em países do Cone Sul 6p141w

Reportagens

Lebrão invade o Brasil no rastro do desmatamento 563q40

Salada Verde

Esforço nacional certifica inseto para controlar a mosca-da-fruta tj52

pantanal 5tmx

Análises

O que cai do mundo não volta mais 6f5m5a

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

Reportagens

Hidrovia trará mais desmate, agro e mineração ao Pantanal e ao Cerrado 1b2v44

English

The conservation of the lesser anteater in the Pantanal depends on protecting the giant armadillo 211v9

soja 5x2v4z

Notícias

Organizações lançam manifesto em defesa da Moratória da Soja 5o2h30

Notícias

Agronegócio alega infração econômica e pede que Cade investigue Moratória da Soja 4n1v71

Salada Verde

Expansão da soja no leste amazônico provocou perda de R$10 bi em serviços ambientais 6b6m5r

Reportagens

Dinastia Amazônia 6l4u13

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 6 476t61

  1. João diz:

    O Agro é pop e o pop não poupa nada e ninguém!
    Não serão trechos e chamadas em novelas que irão frear a sanha e a fome da grana voraz no Pantanal.
    É só questão de tempo. Tudo será engolido pelas atuais formas de agricultura…

    A solução é e deverá ser a sensibilização internacional.


  2. Valteir diz:

    O avanço que tem se dado das lavouras de soja no pantanal sul-mato-grossense é público e notório. Vi com tristeza a tamanha desconfiguração e mutilação do ambiente natural que havia até pouco tempo na região de Bonito-MS,cartão postal do nosso país. Muito triste, pra não dizer muito grave.


  3. Perroni Brignoli Francisco diz:

    O Problemas é o aumento da População Brasileira cada vez mais, vamos precisar de mais comida e água potável. E infelizmente não dá para equilibrar o meio ambiente com alta taxa de populações de humanos…..E também humanos são muito agressivo a natureza, faz parte do instinto do Homo sapiens sapiens, que de sábio estar longe de ser.


  4. Alexandre Gustavo Ugarte diz:

    A APA dos Pequenos Lençóis Maranhenses e o Delta tem sido impactado por diversas atividades. Como dito na matéria a APA não protege nada. Inclusive foi construído um Parque Eólico dentro da unidade e vem sendo ampliado gradualmente. A poluição luminosa em toda região vem sendo um enorme problema tanto para fauna quanto para o homem. Vamos perdendo o céu escuro. A reportagem foi em 2005 e 2023 não temos nada para comemorar. Estamos aqui tentando resistir participando dos Conselhos das APAs mas a pressão é muito grande. Outro problema são os veiculos UTV que percorrem o campo de dunas com enorme poluição sonora perturbando várias espécie de aves.
    Como dito a natureza resiste de forma diferente de vários destinos no mundo.
    Salve o Delta do Parnaíba! Viva o Ecoturismo e o Turismo de Base Comunitária fortalecendo as comunidades tradicionais.


  5. Bernardes diz:

    Vai dormir, Almir!!! Vc defende a sua fazenda!! Para de ser demagogo, cara!!! Quem te conhece, não te compra!!


  6. Florisval diz:

    O consumo de água é altíssimo(água utili + água perdida) nesses projetos do agronegócio e a taxa de recarga dos corpos d’água não acontecem na mesma proporção