Notícias

Amazônia concentra 80% do total de assassinatos em conflitos no campo 1f11n

Relatório divulgado nesta segunda-feira (18) pela Comissão Pastoral da Terra revela que, em todo Brasil, número de mortes por disputa de terra cresceu 75% entre 2020 e 2021

Cristiane Prizibisczki ·
18 de abril de 2022 · 3 anos atrás

Os estados da Amazônia Legal foram palco para 28 assassinatos decorrentes de conflitos no campo em 2021. O número representa 80% do total de mortes violentas por disputa de terras em todo o país, revela o relatório divulgado hoje (18) pela Comissão Pastoral da Terra (T). 

“A violência nesta região reflete não só a ferocidade da grilagem e do latifúndio, como também o emparelhamento protetor do Estado brasileiro ao setor ruralista”, diz a T.

Rondônia foi o estado com o maior número de assassinatos (11), e onde ocorreu um dos dois massacres (quando mais de três pessoas são mortas) registrados pela Comissão no período.

Maranhão vem em seguida, com 8 assassinatos, seguido de Roraima e Tocantins, com 3 assassinatos cada. Pará contabilizou 2 dois assassinatos e Mato Grosso, 1.

O massacre registrado em Rondônia vitimou três sem-terra que viviam no acampamento Ademar Ferreira, em agosto de 2021. O outro massacre foi registrado em Roraima, onde ao menos três indígenas Moxihatëtëa, classificados como “isolados”, foram assassinados na Terra Indígena Yanomami.

No Brasil todo, 35 pessoas perderam a vida em conflitos no campo, o que representa um aumento de 75% quando comparados os números de 2020 e 2021. Desse total, 33 pessoas eram homens e duas eram mulheres.

Dentre as vítimas, estão indígenas, sem-terras, posseiros, quilombolas, assentados, pequenos proprietários e quebradeiras de coco babaçu.

As mortes, segundo a Comissão, são decorrentes da atuação da “pistolagem sob encomenda” e das “agromilícias”, além da violência cometida pelos próprios agentes públicos. 

Outras formas de violência 3e6k2y

Além dos assassinatos, a Comissão Pastoral da Terra também contabiliza as mortes causadas indiretamente pela violência no campo, como aquelas causadas pela invasão de garimpeiros em territórios indígenas e a consequente contaminação das águas e transmissão de doenças.

Nesse cenário mais ampliado, a T contabilizou 109 mortes de decorrência dos conflitos – sendo 101 de índios yanomami – 27 tentativas de assassinato, 132 ameaças de morte, 75 agressões físicas com ferimentos diversos, 13 ocorrências de tortura e “um sem-número de intimidações e tentativas humilhantes de subjugação”.

Trabalho escravo 34451v

Em 2021, a fiscalização do trabalho resgatou 1.726 pessoas em todo Brasil em condições análogas à escravidão. É o maior número desde 2013 e um aumento de 113% em relação ao dado de 2020.

No meio rural, foram 169 pessoas resgatadas. O Pará registrou 27 dos 169 casos computados pela T.

O relatório “Conflito no Campo Brasil” é uma publicação anual da Comissão Pastoral da Terra. O documento, que está em sua 36ª edição, reúne dados sobre os conflitos e violências sofridas pelos trabalhadores do campo, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais do campo, das águas e das florestas.

  • Cristiane Prizibisczki 48324h

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

Leia também 1b437

Notícias
12 de janeiro de 2022

Polícia ouve testemunhas sobre homicídio de ambientalistas no Pará 4td6p

Ambientalistas eram conhecidos pelo trabalho de mais de 20 anos na preservação de tartarugas. Anistia Internacional cobrou investigações

Notícias
21 de dezembro de 2021

Campeão em violência no campo, MA tem quase metade de seu território sem destino fundiário 25376p

São 11,8 milhões de hectares ainda aguardando destinação no Estado. Lei de Terras maranhense tem fragilidades e estimula grilagem, mostra estudo

Notícias
29 de julho de 2020

Global Witness: 212 ativistas ambientais foram assassinados em 2019 45o5v

Brasil ficou em terceiro lugar, atrás de Colômbia e Filipinas. Vinte e quatro pessoas foram mortas no país, 10 deles eram indígenas

Mais de ((o))eco 386al

violência no campo 346g3x

Análises

Entre a floresta e a violência: o custo de ser mulher e defensora ambiental 6c682f

Reportagens

Trabalho análogo à escravidão na pecuária do Pará chega a 31% nos últimos dois anos, revela pesquisa 322r47

Salada Verde

Brigadista do Ibama é assassinado na porta de casa no Tocantins 5ww27

Análises

Escazú não é prioridade?  2h6um

RADZ 48a53

Reportagens

Trabalho análogo à escravidão na pecuária do Pará chega a 31% nos últimos dois anos, revela pesquisa 322r47

Reportagens

Ferrogrão: Amazônia fora dos trilhos 57228

Reportagens

Livro revela como a grilagem e a ditadura militar tentaram se apoderar da Amazônia u4t1f

Notícias

Governo do Mato Grosso sanciona norma que prejudica signatários da Moratória da Soja 5a292z

amazônia 245k3y

Notícias

Degradação da Amazônia cresce 163% em dois anos, enquanto desmatamento cai 54% no mesmo período 102q1e

Reportagens

Petroleiras aproveitam disputas entre indígenas e ocupam papel de Estado enquanto exploram territórios no Equador 182e18

Reportagens

Ao menos 6 milhões de cabeças de gado no Pará estão irregulares entre indiretos 301b22

Notícias

Cientistas descobrem espécie de peixe que vive solitária na Amazônia 63v30

assassinatos de ativistas 72336f

Colunas

Justiça ambiental: A luta pela vida na América Latina 6yyw

Análises

Permaneceremos de pé 2gg73

Notícias

Município onde família foi assassinada teve 62 mortes por conflito de terra nos últimos 40 anos 195b5a

Notícias

Polícia ouve testemunhas sobre homicídio de ambientalistas no Pará 4td6p

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.