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Cortes em parques nacionais nos EUA deve impactar turismo no país 604f6d

Depois de baterem recorde de visitação em 2024, áreas protegidas do país podem ter queda catastrófica no turismo como consequência da demissão em massa comandada por Trump

Duda Menegassi ·
7 de março de 2025

As áreas protegidas nos Estados Unidos podem enfrentar um inverno prolongado esse ano. E isso nada tem a ver com a questão climática e sim com cortes orçamentários e de pessoal impostos ao National Park Service (NPS) pelo presidente Donald Trump, no seu retorno à Casa Branca. A istração do republicano congelou as contratações e, em meados de fevereiro, promoveu uma demissão em massa de mais de 1 mil funcionários que estavam à serviço dos parques americanos. Ao lado deles, foram demitidos outros 3,4 mil trabalhadores do Serviço Florestal dos Estados Unidos – o equivalente a 10% da força de trabalho da organização. Os cortes geraram uma ampla repercussão negativa, não apenas pelos impactos na proteção desses refúgios naturais, mas também com seus reflexos no turismo.

Pouco depois do “aralho”, veio à tona que outros 700 funcionários do NPS foram coagidos a pedir demissão. De acordo com um memorando interno da agência, obtido pelo The New York Times no final de fevereiro, estes funcionários não teriam permissão para trabalhar após o dia 7 de março e se viram forçados a se demitir.

Ao todo, os cortes diretos e “indiretos” representam uma redução de aproximadamente 9% da força de trabalho da National Parks Service, atualmente composta por cerca de 20 mil funcionários em todo país.

Os Estados Unidos possuem um total de 433 unidades, entre parques nacionais, sítios históricos e outras categorias de área protegida, que representam mais de 34,3 milhões de hectares. 

Em 2024, os parques bateram recorde de visitação com um total de 331,8 milhões de turistas. 

Organização independente e não-partidária dedicada exclusivamente à defesa dos parques americanos, a National Parks Conservation Association (NPCA) denunciou também a decisão do governo de rescindir contratos de aluguel, o que põe sob risco pelo menos 34 instalações de apoio aos parques e sua istração – como centros de visitantes, museus e até unidades policiais –, que podem fechar as portas em breve. “Sem ação imediata, esses cortes podem causar danos duradouros”, alerta a associação.

“O Serviço Nacional de Parques acaba de registrar a maior visitação de sua história, enquanto a istração realiza demissões em massa e ameaça fechar centros de visitantes e instalações de segurança pública. É um tapa na cara das centenas de milhões de pessoas que exploraram nossos parques no ano ado e querem continuar voltando. Os americanos amam seus parques nacionais; esses cortes não têm apoio público”, sentencia a vice-presidente sênior de Assuntos de Governo da NPCA, Kristen Brengel.

Em sua declaração, a vice-presidente prevê os impactos dos cortes na alta temporada de visitação dos parques, entre julho e agosto, durante o verão americano, ou mesmo o período de “spring break” (férias de primavera), que acontece agora, no início de março.

“Visitantes terão que enfrentar centros de visitantes e campings fechados, programas de guarda-parques cancelados e equipes menores de busca e resgate”, aponta.

Um dos destinos de natureza mais famosos dos Estados Unidos, em especial entre montanhistas, o Parque Nacional do Yosemite anunciou no dia 14 de fevereiro, em meio aos cortes, que a venda de pernoites em cinco de seus treze locais de acampamento seria adiada. Até o fechamento desta matéria, as reservas ainda não haviam sido liberadas.

Yosemite, Grand Canyon e Yellowstone – para citar os parques mais famosos – foram alguns dos locais que se tornaram palco de manifestações contra os cortes, que reuniram milhares de pessoas por todo o país no último sábado (1º). As placas de protesto carregavam mensagens como “Nossos parques não estão à venda” e “Não deixe as terras públicas serem extintas”.

Pressionado pela opinião pública, o governo, por meio do secretário de Interior, Doug Burgum, anunciou que serão contratados 7,7 mil funcionários, porém na condição de temporários de verão. O número representa cerca de 3 mil a mais do que a média das contratações sazonais que já são feitas regularmente pelo NPS, justamente para lidar com a alta temporada de visitação.  

De acordo com Kristen Brengel, o ato não é suficiente, uma vez que os cargos temporários não substituem os trabalhadores com anos de experiência integral nos parques e que foram demitidos. 

O senador americano e democrata Edward Markey, membro da Comissão de Ambiente e Obras Públicas do Senado, classificou os cortes como inconstitucionais e também soou o alerta sobre os impactos no turismo. “Sem funcionários do NPS [National Park Service], os centros de visitantes estarão fechados durante o auge da temporada turística, os banheiros ficarão sujos e os eios ficarão inacabados. (…) O corte inconstitucional dos programas de subsídios dos nossos parques, cursos de água e terras públicas está promovendo estragos, causando o caos e precisa ser totalmente revertido”, declarou em nota pública.

Representante do estado de Massachusetts, o senador destaca ainda a importância econômica do turismo de natureza. Apenas em Massachusetts, foram US$1,3 bilhão em contribuições econômicas de visitantes de parques nacionais em 2024, com US$863 milhões em gastos diretos de turistas.

  • Duda Menegassi 3d542y

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

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