Notícias

Especialistas defendem uso de equipamento para proteger aves durante a pesca 481v1i

Projeto Albatroz afirma que dispositivo usado para proteger anzóis reduz em mais de 90% a captura de aves atraídas pelas iscas durante a pesca por espinhéis

Vandré Fonseca ·
10 de julho de 2018 · 7 anos atrás
Momento da Captura. Foto: Fabiano Peppes/Projeto Albatroz.

O momento em que barcos pesqueiros soltam os espinhéis de superfície, extensas cabos de nylon com até 80 quilômetros onde estão presas linhas secundárias com anzóis, é crítico para as aves. Enquanto moluscos ou peixes usados como iscas não afundam, despertam o instinto de petréis e albatrozes, aves que mergulham em busca de alimentos e são mortalmente fisgadas na armadilha.

Segundo informações do Projeto Albatroz, que atua na proteção de aves marinhas, a doze metros de profundidade os anzóis já estão em uma profundidade segura para as aves, mas enquanto estão perto da superfície, o perigo continua. O equipamento testado pelo Projeto Albatroz no Brasil e que já está disponível para pescadores, o hookpod, serve para proteger o anzol e isca neste ameaçador trajeto.

O dispositivo protege isca e anzol até que atinjam uma profundidade de 10 metros, quando eles se abrem sob pressão da coluna d’água. Mas já existe um modelo que abre a 20 metros de profundidade, que ajuda a proteger também tartarugas marinhas, outra vítima da lucrativa pesca de atuns, mecas (espadartes) ou cações, quando os barcos estão soltando o espinhel.

Pescador usando o Hookpod. Foto: Dimas Gianuca/Projeto Albatroz.

Testes realizados no Brasil, África do Sul e Austrália demonstraram que de 25 aves capturadas por acidente, apenas uma foi fisgada usando o equipamento. Ainda assim, segundo informações do projeto, o dispositivo não havia sido colocado de maneira correta pelo pescador. Além disso, os testes demonstraram aceitação por parte dos pescadores.

“Não interfere na captura do pescado”, afirma a coordenadora-geral do Projeto Albatroz Tatiana Neves. “A pesca ocorre entre 60 a 100 metros de profundidade, geralmente em torno dos 80 metros, dependendo do estilo do pescador e da espécie que ele objetiva”, completa.

Para amenizar esse problema, o Brasil já adota, desde 2015, três medidas para proteger as aves marinhas durante a pescaria, que devem ser obedecidas entre o litoral do Espírito Santo (20º de latitude Sul) e o extremo sul do país: os espinhéis devem ser soltos à noite; os barcos deve carregar linhas com até 130 metros de comprimento com fitas coloridas, as chamadas torilines, para espantar as aves; e uma distância regulamentada entre os pesos colocados na linha e os anzóis.

O preço, US$ 13,00 (cerca de R$ 50,00), segundo informações o Projeto Albatroz, diminui os custos da pesca. Com 45 gramas de peso, podem substituir pesos nas linhas colocados a um metro dos anzóis, como prevê a legislação brasileira. Além disso, ele vem com uma fonte luminosa, que substitui luzes usadas por pescadores nos anzóis para chamar a atenção de pequenos peixes, que atraem os grandes.

“Alguns usam um lightstick, um bastão plástico com um químico dentro, que quebra para produzir luminescência, mas é poluente”, explica o coordenador científico do Projeto Albatroz, Dimas Gianuca. “O hookpod é atrativo e evita o uso de bateria e descarte de plástico no mar”.

Observador de Bordo do Projeto Albatroz. Foto: Dimas Gianuca.

Gianuca explica que existem versões com ou sem luz e outro modelo já está sendo produzido, mas que não ou pelos testes, o hookpod mini, que além de menor e mais barato (US$ 6,00 ou R$ 23,00), por não ter fonte de luz, se abre a 20 metros de profundidade. Além de ser ainda mais seguro, ajuda a proteger também tartarugas-marinhas.

Segundo informações do Projeto Albatroz, 4 mil aves morrem todos os anos devido a captura incidental em pesca de espinhel no Brasil.

Os grandes albatrozes podem ter mais de 3 metros de envergadura, e os petréis, chegam a quase 1,5 metros de envergadura. As seis espécies de albatroz encontradas no Brasil estão ameaçadas, pelos critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), sendo que duas são consideradas “em perigo”.

 

Saiba Mais:

Projeto Albatroz

Leia Também

O Inverno dos Albatrozes, Pardelas e Petréis

Vídeo: O conhecimento que temos sobre pescarias permite que elas se prolonguem ao longo do tempo? por Bianca Bentes

Réquiem para o Albatroz

 

 

 

 

  • Vandré Fonseca 5j195d

    Jornalista especializado em Ciências e Meio Ambiente.

Leia também 1b437

Análises
28 de abril de 2015

Réquiem para o Albatroz 436lj

Um eio pelas praias nos revela o fim dos albatrozes. Não faltam elementos para a ave estar entre as mais ameaçadas de extinção no planeta.

Vídeos
17 de junho de 2018

Vídeo: O conhecimento que temos sobre pescarias permite que elas se prolonguem ao longo do tempo? por Bianca Bentes 6z1661

Várias espécies estão sendo extintas sem sequer sabermos o básico sobre elas. A falta de continuidade das estatísticas pesqueiras fere de morte a conservação deste recurso

Análises
9 de julho de 2018

O Inverno dos Albatrozes, Pardelas e Petréis n3e6d

Chegou a melhor época para ver algumas das maiores, e mais ameaçadas, aves do mundo

Mais de ((o))eco 386al

pesca e6412

Reportagens

Gestão nacional da pesca melhora, mas ainda ameaça a vida marinha 1l3o2j

Salada Verde

STF adia julgamento final sobre a Cota Zero da pesca em Mato Grosso 3l3j19

Notícias

Países liberam rios para salvar peixes migradores 5t5q56

Notícias

83% das espécies de raias e tubarões comercializadas no Brasil estão ameaçadas 262bn

conservação 4u55e

Notícias

Zoos e aquários podem investir mais em conservação, aponta ong 1a156w

Fotografia

Galeria: Veja como foram os atos contra o PL da Devastação 4h4vf

Notícias

Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios p2065

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI 3l3w55

aves 422y45

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Plataforma aborda tráfico de animais em três países 3e5d9

Reportagens

O atobá quarentão que uniu gerações de pesquisadores 133o15

Salada Verde

As incríveis revoadas de guarás no litoral paranaense 5s6h6k

desmatamento 5h2z4x

Reportagens

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 6x4y6b

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI 3l3w55

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.