Notícias

Febre amarela: primeira morte no Rio ocorre próximo de santuário dos micos-leões-dourados 6e4k1h

Duas ocorrências foram confirmadas em Casimiro de Abreu. Município é vizinho da Reserva Biológica de Poço das Antas, onde vive população endêmica do primata

Daniele Bragança ·
15 de março de 2017 · 8 anos atrás
Ocorrência de febre amarela é registrada perto de santuário dos micos-leões-dourados. Foto: Andréia Martins/Associação Mico Leão Dourado
Ocorrência de febre amarela é registrada perto de santuário dos micos-leões-dourados. Foto: Andréia Martins/Associação Mico Leão Dourado

Os primeiros dois casos de febre amarela no estado do Rio de Janeiro, incluindo a primeira morte, foram confirmados nesta quarta-feira (15) pela Secretaria Estadual de Saúde do Rio. As ocorrências aconteceram em Casimiro de Abreu, na Baixada Litorânea. O estado já registra 36 casos suspeitos da doença. Dois macacos bugios foram encontrados mortos em Casimiro, mas ainda não há confirmação de que tenham sido vítimas da febre amarela.

Os dois homens infectados não têm histórico de viagens para regiões com circulação comprovada do vírus que transmite a doença e moravam na região rural do município. A secretaria anunciou que vai acelerar o processo de imunização no estado.

O epicentro dos primeiros casos no Rio ocorre exatamente na região onde vive uma população endêmica de Micos-Leões-Dourados (Leontopithecus rosalia), na Reserva Biológica (Rebio) de Poço das Antas, em Silva Jardim, município vizinho a Casimiro.

Na Rebio, existem 470 primatas originários da natureza. Atualmente, a maior parte dos micos que estão na natureza são espécimes reintroduzidas que nasceram em cativeiro (ou são filhos de primata nascido em cativeiro). Mas não os de Poço das Antas, que agora podem estar seriamente ameaçados pela febre amarela.

“A notícia é gravíssima e coloca em risco toda a população da região e do Estado do Rio de Janeiro. Também nos preocupa a possibilidade de alcance aos Micos-Leões-Dourados, espécie ameaçada de extinção, cuja ocorrência é exclusiva nesta região”, afirmou, em nota, a Associação Mico-Leão-Dourado, ONG que trabalha com a conservação da espécie em Poço das Antas. A ONG disponibilizou o telefone (22) 2778 2025 para caso alguém encontrar algum animal morto entrar em contato.

Os macacos são sentinelas e ajudam a prevenir o surto da doença. Isto porque a mortandade de primatas é um indicativo que o local está sob efeito da epidemia, já que são animais muito vulneráveis ao contágio da febre amarela e morrem rápido. Se a taxa de mortalidade em humanos chega a 50% em infectados não tratados, em primatas ela ultraa 90%.

Se já não bastasse a alta taxa de mortalidade e a ausência de vacinação contra febre amarela em animais, os primatas ainda sofrem com perseguição de humanos, que, por ignorância, os matam achando que com isso cessarão a epidemia. Ledo engano. Sem os macacos mortos, é possível que os profissionais de saúde demorassem mais tempo para diagnosticar a mortal doença.

 

Saiba Mais

Ministério do Meio Ambiente: febre amarela põe em risco macacos

Leia Também

Febre amarela ameaça população de muriquis-do-norte

Mais de metade dos primatas do mundo podem desaparecer em 50 anos

Aumentando a casa do mico-leão dourado

 

 

  • Daniele Bragança 314r41

    Repórter e editora do site ((o))eco, especializada na cobertura de legislação e política ambiental.

Leia também 1b437

Notícias
19 de dezembro de 2010

Aumentando a casa do mico-leão dourado w5z40

ICMBio conduz audiência pública para acrescentar 4 mil hectares a Reserva Biológica União e criar corredor para o primata ameaçado

Notícias
18 de janeiro de 2017

Mais de metade dos primatas do mundo podem desaparecer em 50 anos 48753

Estudo alerta para o atual estado em que se encontram todas as espécies de primata. Nos países da Ásia, o número de espécies em declínio corresponde a 95% do total

Notícias
19 de janeiro de 2017

Febre amarela ameaça população de muriquis-do-norte 353f1x

Mortal para humanos e macacos, a epidemia está ocorrendo muito próxima de local que concentra parte fundamental da população de muriquis, espécie criticamente ameaçada de extinção

Mais de ((o))eco 386al

primatas 2j572j

Notícias

Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios p2065

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 5o2g6f

Reportagens

Os dois macacos brasileiros entre os mais ameaçados do mundo 3m1n

conservação 4u55e

Notícias

Tribunal de Justiça do RS desobriga companhia de isolar fios para evitar choques em bugios p2065

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI 3l3w55

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Reportagens

Ajustes em trilha podem melhorar sua função de corredor ecológico no Cerrado 4k6c5j

Caixa Postal g5y6t

Análises

Os oportunistas da notícia 3m5r59

Análises

O MT Ilegal 4p338

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 3u6f47

Análises

Biomas esquecidos 4qt19

ibama 306r2w

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 245z1d

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

Salada Verde

Assassinato de onça-pintada será investigado pela fiscalização federal 6w684m

Salada Verde

Processo contra Salles por contrabando de madeira volta ao STF 4i6z65

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 1 3wi3c

  1. paulo diz:

    Temos que iniciar pesquisas para imunidade de febre amarela nos primatas não humanos(macacos),
    A fauna brasileira já detonada pela matança/caça desenfreada, perda de habitat, agora recebe mais esta desgraça deste vírus , importado do continente africano. Nossa fauna de primatas não evolui com este vírus. Por tudo isto devemos nós (GOVERNO) salvaguardar a biodiversidade brasileira.
    Tecnologia temos, laboratórios temos, aqui e lá fora também.
    Hoje 2017, como HOMEM ocupando tudo, quanto é canto, não existe mais áreas de fuga, sem interferencia do HOMEM, para estes primatas.