O governo federal adiantou a celebração do Dia Mundial do Meio Ambiente com a na terça-feira (3) de decretos que criam três novas unidades de conservação, todas na Mata Atlântica e de uso sustentável. A maior delas é a Área de Proteção Ambiental (APA) da Foz do Rio Doce, no Espírito Santo, com 45.017 hectares, criada como parte do acordo judicial de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem do Fundão, há dez anos. E outras duas reservas de desenvolvimento sustentável no Paraná.
O rompimento da barragem, localizada em Mariana (MG), despejou toneladas de rejeitos no rio, afetou diretamente 39 municípios e causou a morte de 19 pessoas, num rastro de danos ambientais e socioeconômicos ao longo dos 630 km do rio Doce até sua foz, no Espírito Santo.
A criação da APA, nos municípios capixabas de Linhares e Aracruz, abrange áreas terrestres e marinhas, incluindo a planície costeira da foz do Rio Doce. A unidade de conservação ajuda a proteger ainda a única área continental de desova da ameaçada tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) no Brasil.
A expectativa é que o zoneamento da APA ajude também a manutenção de atividades como a pesca artesanal e apoie as comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas da região.

Reservas no Paraná 2rk3w
Já a criação de duas reservas de desenvolvimento sustentável no Paraná, ambas no município de Pinhão, é resultado de uma luta das comunidades tradicionais de cerca de 20 anos, liderada pela Articulação Puxirão dos Povos Faxinalenses. A RDS Faxinal Bom Retiro e a RDS Faxinal São Roquinho, com 1.370 hectares e 1.212 hectares, respectivamente, visam garantir a proteção das florestas de araucárias (Araucaria angustifolia) e a manutenção do modo de vida tradicional das cerca de 60 famílias faxinalenses que vivem na região.
Os faxinais são formados por uma área comum coletiva, denominada de criadouro, onde se localizam as casas e as criações, sob uma cobertura florestal que mantém, em muitos aspectos, semelhança com a cobertura florestal nativa da região. Entre os usos típicos das comunidades faxinalenses está a coleta de pinhão – fruto da araucária – e de erva-mate, assim como o plantio de culturas como milho, mandioca e feijão para subsistência.
Além das araucárias, as áreas também possuem ocorrência de xaxim (Dicksonia sellowiana), planta ameaçada de extinção, e diversas espécies da fauna, como pacas, capivaras, raposas, gaviões, gatos-do-mato, jaguatiricas, graxains, tatus, jacus e papagaios-do-peito-roxo.
Seis reservas particulares reconhecidas 5c5m46
O governo federal reconheceu ainda a criação de seis novas Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) que, juntas, somam 612 hectares de área protegida sob gestão privada. As reservas estão distribuídas em quatro estados, sendo duas em Minas Gerais, duas em Mato Grosso do Sul, uma na Paraíba e uma em Santa Catarina.
A maior delas é a RPPN Auge de Savana, com 433 hectares, localizada no município mineiro de Montezuma.
Foram reconhecidas ainda a RPPN Tião Preto, com cerca de 91 hectares, em Barra de Santa Rosa, Paraíba; a RPPN Água Branca, com 29,2 hectares em Pedro Gomes, Mato Grosso do Sul; a RPPN Sítio Lageado, com 24,4 hectares, em Olhos D’água, em Minas Gerais; a RPPN Jaguarte, com 20 hectares, no município sul-mato-grossense de Corumbá; e a RPPN Canto das Arapongas, com 13,8 hectares, em São Bento do Sul, Santa Catarina.
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