Notícias

Instituto propõe a revisão de 401 atos do governo Bolsonaro para reconstruir política ambiental 5d6i28

Em 40 meses, Executivo publicou mais de 2 mil atos que resultaram no desmonte da legislação socioambiental brasileira, diz Talanoa

Cristiane Prizibisczki ·
4 de novembro de 2022 · 3 anos atrás

De janeiro de 2019 a julho de 2022, o governo Bolsonaro publicou 855 normas que contribuiram efetivamente para a destruição das leis ambientais do país. Para tentar reverter esse quadro de desmonte, que se traduziu no aumento do desmatamento, queimadas, invasões de terras públicas, garimpo ilegal e violência no campo, entre outras ilegalidades, o Instituto Talanoa lançou um documento que propõe a revisão ou revogação total de 401 dessas 855 normas.

O documento, lançado nesta quinta-feira (3), traz uma análise dos atos legais assinados em 40 meses do governo Bolsonaro e elenca aqueles que requerem ações imediatas, nas áreas climática e socioambiental. Segundo o Instituto, em tais áreas se camuflam batalhas ideológicas, o que amplia o efeito das normas.

No total, durante os três primeiros anos e meio do atual governo, foram publicanos mais de 140 mil atos com interface direta ou indireta às políticas ambiental e climática. Desse universo, a iniciativa Política Por Inteiro, desenvolvida pelo Talanoa, identificou 2.189 atos infralegais relevantes para os temas em foco. E, dentre essas normas, 855 contribuíram para o processo de descontrução, diz o documento. Esse total contém medidas expedidas tanto em nível presidencial quanto ministerial, oriunda de diferentes pastas.

“O [número] 401 se refere ao que precisa ser desfeito ou refeito a partir do primeiro dia de governo no ano que vem. São 401 em um universo de 855 porque muitas coisas danosas que foram feitas já expiraram. Esse é o caso das GLO [Operações de Garantia da Lei e da Ordem, que autorizaram a presença do Exército na Amazônia entre 2020 e 2022], que sabemos que foram inócuas, mas não precisam ser desfeitas. Teve muito mais coisa que foi operada de forma infralegal, mas nem tudo precisa efetivamente de uma canetada”, explicou a ((o))eco Natalie Unterstell, presidente do Instituto Talanoa.

Segundo ela, nenhum dos atos propostos precisam do Legislativo para aprovação. Isto é, dependem somente da vontade política do próximo presidente. 

“A rapidez com que o governo Lula pode reescrever as normas editadas por Bolsonaro é particularmente crítica para três áreas principais de políticas climáticas: desmatamento, perda de biodiversidade e emissões de gases de efeito estufa”, diz.  “A presidência de Bolsonaro vai acabar, mas seus retrocessos ambientais permanecem – por enquanto. É preciso que Lula e Alckmin iniciem o processo de revogação e substituição de regulamentos tão logo empossados, para tirarmos o atraso das nossas metas climáticas. Mas, além de desfazer as canetadas, eles precisarão fazer diferente: retomar o diálogo com a sociedade e abrir consultas sobre temas sensíveis, como as nossas metas para o Acordo de Paris.”

O documento, que em 169 páginas detalha as ações a serem tomadas, já foi entregue a membros da equipe de Lula. Segundo Unterstell, assim que os nomes da equipe de transição forem divulgados, o Instituto Talanoa também fara um trabalho de “corpo a corpo” para divulgar a proposta.

Para ar o “Desconstrução: 401 atos do Poder Executivo Federal (2019-2022) a serem revogados ou revisados para reconstituição da agenda climática e ambiental brasileira”, clique aqui.

  • Cristiane Prizibisczki 48324h

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

Leia também 1b437

Salada Verde
26 de outubro de 2022

Carta em defesa das florestas e da democracia brasileiras é apresentada em congresso internacional 3d626h

A Reunião Anual da FLARE, uma rede que estuda florestas e bem-estar humano, ocorreu em Roma, na Itália, e reuniu pesquisadores de renome mundial

Notícias
20 de maio de 2022

Presidenciáveis recebem plano para reverter boiadas ambientais de Bolsonaro 555t5z

Estratégia ‘Brasil 2045’ propõe medidas para reconstruir política ambiental brasileira e fazer país retomar posição de liderança global em meio ambiente

Reportagens
3 de novembro de 2022

Amazônia é pauta retomada nas relações internacionais com novo presidente Lula 3p1g3a

Primeiro compromisso do presidente eleito no exterior é a COP-27, onde nova política para o meio ambiente do país deve ser apresentada

Mais de ((o))eco 386al

governo Bolsonaro 2yp2q

Notícias

Deputados tiveram papel decisivo no agravamento da crise ambiental no governo Bolsonaro 5w22a

Reportagens

Como proteger os territórios do neoextrativismo, do “capitalismo parlamentar” e do “Estado de intimidação”? 302s3j

Notícias

Bolsonaro violou massivamente direitos socioambientais em sua gestão, diz STF 4v4l12

Reportagens

O destino da Amazônia – e do mundo – na encruzilhada, uma conversa com Miriam Leitão 1lb4u

política ambiental 5n5325

Notícias

Transição energética entra de forma discreta na terceira carta da Presidência da COP30 161u3k

Análises

Que semana, hein? 6s4y4a

Análises

Pela transição energética Norte-Sul pactuada na COP30 3t5v4u

Notícias

Governo, ongs e sociedade civil se manifestam contra aprovação do PL do Licenciamento 51131e

mata atlântica 3i6w4g

Análises

A importância da rede de colaboração em prol da conservação dos manguezais no litoral norte do Paraná 314x73

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 5o2g6f

Notícias

Um jequitibá de 65 metros: conheça a maior árvore viva da Mata Atlântica 2k671g

ibama 306r2w

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 245z1d

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

Salada Verde

Assassinato de onça-pintada será investigado pela fiscalização federal 6w684m

Salada Verde

Processo contra Salles por contrabando de madeira volta ao STF 4i6z65

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.