Notícias

Ministério do Meio Ambiente tem menor orçamento das últimas duas décadas 6j5526

O orçamento previsto de R$1,72 bilhão para todo o Ministério, Ibama e ICMBio funcionarem em 2021, traz redução de 27,4% na verba para fiscalização e combate a incêndios

Duda Menegassi ·
24 de janeiro de 2021 · 4 anos atrás
Governo Bolsonaro e gestão do ministro do meio ambiente, Ricardo Salles, são analisados em relatório que aponta desmonte da área ambiental. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O Ministério do Meio Ambiente terá no bolso o menor orçamento das últimas duas décadas, para lidar com desafios como o desmatamento e o fogo no ano de 2021. A previsão é de que apenas R$1,72 bilhão sejam destinados à pasta e aos seus dois órgãos ambientais (Ibama e ICMBio) para cobrir todas as despesas, inclusive as obrigatórias. Se aprovado, o ministério terá uma redução de 27,4% no orçamento para fiscalização ambiental e combate a incêndios. O Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) será analisado pelo Congresso em fevereiro.

Os dados foram levantados pelo Observatório do Clima, a partir de informações públicas, e estão disponíveis no relatório “ando a boiada – O segundo ano de desmonte ambiental sob Jair Bolsonaro”, publicado na última sexta-feira (22). O documento analisa as ações do governo federal ao longo de 2020 na área ambiental e projeta o cenário para 2021.

Fonte: Relatório “ando a Boiada” do Observatório do Clima. Reprodução

A análise da organização alerta para os impactos do orçamento minúsculo do Ministério – o menor desde 2000 em valores atualizados. Se considerado todo o orçamento discricionário (gastos não obrigatórios), o PLOA 2021 representa queda de 56,5% para o ICMBio e de 32,5% para o Ibama em relação aos valores autorizados em 2019.

O PLOA 2021 prevê que 88% do orçamento discricionário da istração direta do ministério seja destinado a gastos istrativos rotineiros, como aluguéis e terceirizados. Caso o cenário se confirme, sobrariam apenas R$4,6 milhões para outros gastos não obrigatórios.

Outro alerta é sobre a redução no orçamento de fiscalização e combate a incêndios florestais nas duas autarquias do ministério, Ibama e ICMBio, em desconexão aos aumentos registrados tanto no desmatamento na Amazônia, quanto dos focos de queimadas. Estão previstos R$127 milhões, uma queda é de 27,4% em relação a 2020, quando foram autorizados R$174,9 milhões para este fim, e de 34,5% em comparação à 2019, quando o orçamento foi de R$193,9 milhões.

Em específico dentro do ICMBio, o órgão responsável pelas unidades de conservação (UCs), houve um corte de 61,5% dos recursos previstos para apoio à criação, gestão e implementação de UCs em comparação ao orçamento de 2018. O relatório alerta ainda que a precarização do instituto pode ser mais um o na intenção do ministro, Ricardo Salles, de fundí-lo com o Ibama. Em outubro de 2020, Salles criou um Grupo de Trabalho, que já vem se reunindo, para avaliar a fusão das autarquias, com prazo de 120 dias para emitir um parecer conclusivo.

“O governo Bolsonaro colocou em prática suas promessas de campanha em relação à política ambiental. O Ministério do Meio Ambiente (istração direta) se apequenou como produtor de políticas públicas e, atualmente, gere valores irrisórios que nem justificam sua própria existência. O Ibama está fragilizado e deslegitimado pela narrativa do próprio presidente da República e de outras autoridades. Além disso, há evidências de que o Instituto Chico Mendes tende a ser extinto ainda no primeiro semestre deste ano, um retrocesso que não podemos deixar ocorrer. É um projeto de destruição que está sendo concretizado”, destaca Suely Araújo, especialista sênior em Políticas Públicas Observatório do Clima e ex-presidente do Ibama.

A análise do Observatório do Clima também ressalta que 2020 foi o ano com o menor número de multas ambientais desde 2004 ( quando foi implementado novo sistema informatizado de gerenciamento de multas), com 9.516 autos de infração, o que representa uma queda de 20% em comparação a 2019, e de 35% em relação a 2018, anterior ao início da gestão de Bolsonaro.

“O relatório mostra que, nos últimos dois anos, a pauta ambiental e climática no Brasil sofreu retrocessos inimagináveis e em escala assustadora. Bolsonaro adotou a destruição do meio ambiente como política e sabotou os instrumentos de proteção dos nossos biomas, sendo responsável diretamente pelo aumento das queimadas, do desmatamento e das emissões nacionais. A situação é dramática, porque o governo federal, que é quem poderia trabalhar soluções para esse cenário, hoje é o foco do problema”, analisa Marcio Astrini, secretário executivo do Observatório do Clima.

No projeto enviado pelo governo ao Congresso, o Inpe também perde 10% do total na ação orçamentária referente a monitoramento por satélite, na comparação com o ano anterior, uma redução de R$ 3,03 milhões para R$2,73 milhões.

“Em 2021 essas duas forças – o desmonte promovido por um governo que frustra qualquer esperança de “normalização” e as barreiras institucionais a ele – serão testadas. No plano doméstico, a prova mais importante será a eleição para a presidência da Câmara, em fevereiro. Caso Jair Bolsonaro obtenha o controle da presidência daquela Casa legislativa, a enorme pauta anti ambiental represada durante a presidência de Rodrigo Maia tende a avançar. No entanto, a ameaça que o controle bolsonarista do Legislativo representa para a democracia brasileira é tão grande que subjuga todas as demais, tornando o meio ambiente mais uma preocupação neste caso”, alerta o relatório em sua projeção para 2021.

 

Leia também

Grupo formado por militares deve decidir futuro do Ibama e ICMBio

Grupo que discute fusão do Ibama com ICMBio já se reuniu seis vezes 

Estudo aponta penúria financeira das UCs federais em Minas Gerais

  • Duda Menegassi 3d542y

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também 1b437

Notícias
13 de janeiro de 2021

Estudo aponta penúria financeira das UCs federais em Minas Gerais 14115k

A pesquisa revela que as 18 UCs federais em Minas Gerais sofreram uma redução de 73,63% no orçamento em 2019 em relação a 2018, no maior corte orçamentário na história do ICMBio

Salada Verde
16 de novembro de 2020

Grupo que discute fusão do Ibama com ICMBio já se reuniu seis vezes  512w2d

Instituído no início de outubro, grupo formado por militares que ocupam cargos de chefias no MMA e autarquias estão se reunindo uma vez por semana 

Notícias
2 de outubro de 2020

Grupo formado por militares deve decidir futuro do Ibama e ICMBio 6n5d3c

Ministro do Meio Ambiente instituiu um Grupo de Trabalho com o objetivo de estudar a fusão entre os órgãos ambientais sem a presença de nenhum servidor ambiental

Mais de ((o))eco 386al

icmbio u5v14

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Notícias

Conheça os oito parques nacionais mais visitados em 2024 4h2g22

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 245z1d

Salada Verde

Enquete mantém alta rejeição a rebaixamento da Serra do Itajaí de parque para floresta nacional 1a2x3r

governo Bolsonaro 2yp2q

Notícias

Deputados tiveram papel decisivo no agravamento da crise ambiental no governo Bolsonaro 5w22a

Reportagens

Como proteger os territórios do neoextrativismo, do “capitalismo parlamentar” e do “Estado de intimidação”? 302s3j

Notícias

Bolsonaro violou massivamente direitos socioambientais em sua gestão, diz STF 4v4l12

Reportagens

O destino da Amazônia – e do mundo – na encruzilhada, uma conversa com Miriam Leitão 1lb4u

ibama 306r2w

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 245z1d

Salada Verde

Boiada e seus donos devem sair de áreas que destruíram no Pantanal 3y332h

Salada Verde

Assassinato de onça-pintada será investigado pela fiscalização federal 6w684m

Salada Verde

Processo contra Salles por contrabando de madeira volta ao STF 4i6z65

ministério do meio ambiente 2t602s

Salada Verde

Lula empossa Marina como ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima 57424i

Notícias

É oficial: Lula anuncia Marina Silva como Ministra do Meio Ambiente 4q339

Notícias

Conama volta a debater proposta que restringe cadastro de entidades ambientalistas 2539x

Salada Verde

Ibama exonera três investigados pela operação Akuanduba 1n2iq

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 3 5w2h3b

  1. Reginaldo B.J. diz:

    Junta logo Ibama e ChicoBio, compartilhando área-meio (istrativo, RH, apoio jurídico, setor financeiro, etc) já otimiza e economiza a pouca verba


    1. Paulo diz:

      E na fiscalização deixa a boiada ar.


      1. Ebenezer diz:

        Caro Paulo, se vc apresentasse qualquer argumento, seria possível compreender sua opinião em relação a fusão dos órgãos e sua eventual influência na eficiência da fiscalização. No entanto, vc só "lacrou", sem nem tentar debater!