Notícias

Morte de bugios por febre amarela acende alerta da doença em SP 72xd

Quatro bugios encontrados mortos em Ribeirão Preto (SP) alertam para circulação do vírus da febre amarela na região. Organizações de saúde recomendam a vacinação da população

Duda Menegassi ·
10 de janeiro de 2025

Os bugios são macacos extremamente sensíveis à febre amarela, o que faz deles grandes sentinelas para indicar a circulação do vírus no ambiente silvestre e soar o alerta para seus “primos”, os primatas humanos. E o alerta foi dado, com a morte de quatro bugios, encontrados entre os dias 25 e 26 de dezembro, no campus da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. Os animais foram coletados para análise no Instituto Adolfo Lutz e, no dia 5 de janeiro, foi confirmada a detecção do vírus da febre amarela nos quatro macacos. A confirmação fez com que o Centro de Vigilância Epidemiológica “Prof. Alexandre Vranjac” (CVE/SP), do governo estadual de São Paulo, publicasse um alerta em que reforça a importância da vacinação das pessoas no estado.

O campus onde os bugios (Alouatta caraya) foram encontrados está localizado na zona urbana do município e possui fragmentos florestais que somam mais de 100 hectares de mata. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto, um quinto bugio foi encontrado morto no campus nesta terça-feira (7) e foi enviado para análise no Instituto Adolfo Lutz para confirmar se também houve infecção pelo vírus.

O alerta epidemiológico, publicado pelo CVE no dia 6 de janeiro, destaca que a detecção dos primatas infectados por febre amarela é considerado “um evento sentinela em Saúde Pública, pois sinaliza precocemente a circulação do vírus e, consequentemente, o risco iminente de exposição de seres humanos”.

“Portanto, é fundamental que todos os Municípios do Estado de São Paulo intensifiquem as ações de vacinação contra Febre Amarela na população visando aumentar a cobertura vacinal”, reforça o texto, para evitar a transmissão e prevenir um possível surto epidêmico da doença.

A vacina é o principal mecanismo de combate e prevenção à doença. Basta uma dose única para imunizar uma pessoa por toda a vida. Ela é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pode ser encontrada em postos municipais. 

De acordo com a Prefeitura de Ribeirão Preto, mais de 20 mil doses da vacina foram disponibilizadas ao município após o alerta e, desde a manhã da última sexta-feira (3), equipes da Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde iniciaram a imunização de pessoas que moram ou trabalham no campus da universidade e que nunca haviam se vacinado contra a doença. A vacinação está sendo feita na Unidade Básica de Atenção à Saúde (Ubas) da USP.

Atualmente, não há nenhum registro de febre amarela em humanos no município ou arredores.

O município de Ribeirão Preto está a cerca de 300 quilômetros da capital paulista e a menos de 100 quilômetros da divisa com o estado de Minas Gerais.

Entre dezembro e maio, o volume maior de chuvas aumenta a proliferação dos mosquitos – Haemagogues, Sabethes e Aedes aegypti – responsáveis por transmitir a doença. 

O último surto da doença na Região Sudeste começou justamente em dezembro de 2016 e estendeu-se até meados de 2018. Do lado silvestre, as populações de bugios-ruivos (Alouatta guariba) e de micos-leões-dourados (Leontopithecus rosalia), ambas espécies ameaçadas de extinção, foram as principais atingidas.

  • Duda Menegassi 3d542y

    Jornalista ambiental especializada em unidades de conservação, montanhismo e divulgação científica.

Leia também 1b437

Reportagens
29 de janeiro de 2018

Como proteger os macacos contra a febre amarela 2x3bn

A conservação de primatas está (ou sempre esteve) ameaçada pela febre amarela. Por que a vacinação de primatas é controversa? Como a ciência pode agir?

Reportagens
25 de novembro de 2020

Pesquisadores iniciam vacinação contra febre amarela em mico-leão-dourado 4l1q4

Iniciativa pioneira faz parte de estudo experimental com duração de três anos e irá vacinar entre 500 e 1.000 micos. Espécie perdeu 32% da população no último surto da doença

Reportagens
21 de abril de 2019

A face oculta da febre amarela 2m4l16

Desde o início da epidemia no centro-sul do País, em junho de 2016, a doença já matou 764 pessoas ‒ e ao menos 3.400 macacos, quase todos bugios

Mais de ((o))eco 386al

são paulo 5g279

Notícias

A alta diversidade de aves em Bertioga, no litoral de SP 54d1h

Salada Verde

Projeto de restauração chega a 10 milhões de mudas plantadas no interior de SP 5d481g

Salada Verde

São Paulo inaugura trilha que cruza áreas protegidas da cidade 292y2p

English

Brazil: first national parks found contaminated with agrotoxins 4b4m3f

saúde 1a1r5z

Notícias

Melhorar o sistema de saúde fortalece resposta às mudanças climáticas, diz debatedora 96l5w

Reportagens

Calor extremo: como a crise climática impacta trabalhadores na América Latina 1e1f2z

Reportagens

“A Amazônia é o anti-térmico das mudanças climáticas” 617061

Reportagens

Crise climática e lacunas no conhecimento pioram risco de zoonoses s1h26

primatas 2j572j

Salada Verde

Ação prende casal que capturou macaco-prego no Parque Nacional da Tijuca 5o2g6f

Reportagens

Os dois macacos brasileiros entre os mais ameaçados do mundo 3m1n

Reportagens

Superlotação de animais e más condições geram nova crise no Cetas-RJ 245z1d

Salada Verde

Ilhéus celebra seu primeiro dia do mico-leão-baiano fq25

febre amarela 442s1b

Reportagens

População de micos-leões-dourados cresceu 30% na última década 4b4c

Notícias

Acre: macacos filmados em asfixia morreram de febre amarela 4o3o11

Reportagens

Pesquisadores iniciam vacinação contra febre amarela em mico-leão-dourado 4l1q4

Reportagens

Especialistas criam sistema para ajudar na redução de invasões biológicas 4i4o5p

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.