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Sob Bolsonaro, extração ilegal de madeira em áreas protegidas do Pará aumenta 1000% 151m32

Cerca de 40% da exploração madeireira no estado como um todo aconteceu de forma ilegal, mostra levantamento de instituições ambientais divulgado nesta quarta-feira (21)

Cristiane Prizibisczki ·
21 de setembro de 2022 · 3 anos atrás

O aumento da invasão de madeireiros em Terras Indígenas do Pará cresceu exponencialmente sob o governo de Jair Bolsonaro, aumentando de 158 hectares em 2020 para 1.720 hectares em 2021. O salto é de 1000%, aponta levantamento divulgado nesta quarta-feira (21) pela Rede Simex. No período, a Rede também identificou extrações ilegais em Unidades de Conservação paraenses, o que não havia acontecido no levantamento anterior.

“O aumento da exploração de madeira dentro das terras indígenas e o registro nas unidades de conservação é extremamente preocupante, pois indica que esses territórios, que por lei devem ser protegidos com prioridade, não estão recebendo a atenção necessária para barrar novas invasões”, afirma o pesquisador do Imazon Dalton Cardoso.

A Rede Simex é formada por quatro instituições ambientais: Instituto do Homem e do meio ambiente da Amazônia (Imazon), Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora e Instituto Centro de Vida (ICV).

No caso das TIs, além da alta na área explorada, os pesquisadores também identificaram aumento no número de territórios invadidos. No estudo anterior realizado no Pará, que compreendeu os anos de 2019 e 2020, apenas a TI Baú havia tido extração madeireira. Já na publicação mais recente, que leva em conta 2020 e 2021, essa terra e mais outras quatro sofreram com a invasão para extração de madeira.

O território mais impactado foi o Amanayé, que fica no município de Goianésia do Pará. No local, 1.255 hectares tiveram exploração de madeira no período analisado, o que corresponde a 73% da área com a atividade ilegal nas terras indígenas do Pará.

A segunda área indígena mais afetada no período foi a Baú, com 205 hectares (12%); seguida da Sarauá, com 117 hectares (7%); da Cachoeira Seca, com 94 hectares (5%) e da Anambé, com 49 hectares (3%).

Entre os povos afetados estão os Amanayé, Mebêngôkre Kayapó, Mebêngôkre Kayapó Mekrãgnoti, Arara, Anambé e os Isolados Pu´rô.

Nas unidades de conservação, foram identificados 126 hectares de exploração madeireira não autorizada. A maior parte ocorreu na Floresta Nacional do Jamanxim, que fica nos municípios de  Itaituba e Novo Progresso. No local, 56 hectares tiveram registros de exploração madeireira, o que corresponde a 45% da área afetada irregularmente nas unidades de conservação paraenses. Em segundo lugar ficou a Floresta Nacional de Altamira, com 44 hectares (35%), a Florestal Estadual de Iriri, com 18 hectares (15%) e o Parque Nacional do Jamanxim, com 7 hectares (6%).

Demais áreas

Ao todo, o Pará registrou 57.079 hectares com extração de madeira entre agosto de 2020 e julho de 2021, um aumento de 14% em relação ao período ado, quando foram registrados 50.139 hectares de exploração.

Do total explorado, 41% não tinha autorização dos órgãos ambientais Já a extração autorizada aumentou 50% no período. 

“Essa redução na exploração madeireira não autorizada é positiva, mas ainda precisa melhorar muito. Não podemos ter dois hectares com irregularidades a cada cinco com extração de madeira na Amazônia”, afirma Cardoso.

  • Cristiane Prizibisczki 48324h

    Jornalista com quase 20 anos de experiência na cobertura de temas como conservação, biodiversidade, política ambiental e mudanças climáticas. Já escreveu para UOL, Editora Abril, Editora Globo e Ecosystem Marketplace e desde 2006 colabora com ((o))eco. Adora ser a voz dos bichos e das plantas.

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