Notícias

Um parque para o tatu-bola 484w4j

Parque estadual criado em outubro pelo governo do Piauí protege uma importante região da Caatinga, onde é encontrado uma espécie endêmica de tatu, que só existe no Brasil

Vandré Fonseca ·
4 de fevereiro de 2018 · 7 anos atrás
O tatu-bola-da-caatinga. Foto: Liana Mara Mendes de Sena/ICMBio.

Quase quatro anos depois de servir de mascote à Copa de 2014, finalmente o tatu-bola-da-caatinga (Tolypeutes tricinctus) recebeu a devida recompensa, um parque estadual para proteger 24.772 hectares de Caatinga, no Piauí, bem na região onde ele ocorre. Uma região de riqueza natural bem preservada, de grande beleza e com baixa densidade de pessoas.

O decreto 17.429, que criou o Parque Estadual do Cânion do Rio Poti, foi assinado no dia 18 de outubro, pelo governador Wellington Dias (PT). Ele vai proteger uma área importante da Caatinga, a região semiárida com maior biodiversidade do planeta, com quase 850 mil hectares, e que abriga cerca de 1.400 espécies de animais, muitos endêmicos e que correm o risco de extinção.

Os estudos para a criação do parque foram realizados ao longo de 2017, pela Associação Caatinga, que tem apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza.

“É uma área que tem muita abundância dessa espécie”, afirma Flávia Miranda, coordenadora do Projeto Tamanduá, que realiza expedições para conhecer melhor e preservar a região do novo parque estadual. “Ela está criticamente ameaçada, quase acabando mesmo devido a degradação do ambiente e à caça, e serviu de espécie guarda-chuva, usada para proteger outras espécies e todo o habitat”.

Mapa de distribuição da espécie. Imagem: ICMBio.

Flávia Miranda explica ainda que o tatu-bola-do-nordeste é endêmico do Brasil. Ele só ocorre em uma pequena parte do Cerrado e na Caatinga. Expedições do Projeto Tamanduá tentam verificar se a espécie também ocorre a norte do Poti ou se o rio representa uma barreira natural para a espécie.

Ela lembra que, no país, ocorrem 11 espécies de tatus, entre elas duas de tatu-bola, a do Nordeste e o Tolypeutes matacus, encontrado no Pantanal. É um animal pequeno, que ao ser atacado se enrola, daí seu nome. Esse comportamento o protege da maioria dos predadores, mas o deixa vulnerável a caçadores. O desmatamento na região também é uma preocupação, pois a vegetação natural é cortada para servir de lenha.

O Poti nasce na Serra dos Cariris (CE) e deságua no Parnaíba, após ar por Teresina, capital do Piauí. Na divisa entre os dois estados, atravessa uma falha geológica na Serra da Ibiapaba, onde forma os cânions. É um rio permanente que corre por uma região semiárida, portanto, um recurso natural importante para as espécies que vivem ali e também para populações humanas.

No parque há também pinturas rupestres, além de uma diversidade ainda pouco conhecida. Flávia Miranda cita a presença de arraias, que ocorrem do litoral até a Cachoeira da Lembrada. A criação do parque é vista como uma alternativa econômica na região, onde a pecuária e a agricultura encontram dificuldades para se desenvolver, devido às condições naturais.

*Editado às 16h34, do dia 05/02/2018, para corrigir a informação sobre o tamanho do parque. 

Leia Também 

Pesquisa estudará impacto da caça sobre o tatu-bola-do-Nordeste

O Brasil se esconde como o Tatu

Refúgio Tatu-bola, nova e maior área protegida de Pernambuco

 

 

  • Vandré Fonseca 5j195d

    Jornalista especializado em Ciências e Meio Ambiente.

Leia também 1b437

Notícias
25 de março de 2015

Refúgio Tatu-bola, nova e maior área protegida de Pernambuco 2f3h20

A criação do Refúgio da Vida Silvestre com nome do mascote da Copa 2014 protegerá um trecho de Caatinga e outras espécies raras da região.

Análises
3 de junho de 2014

O Brasil se esconde como o Tatu 6u2zy

Ao contrário da África do Sul, a Copa no Brasil não trará nenhum benefício à visitação dos parques, que não receberam qualquer melhoramento.

Notícias
10 de dezembro de 2017

Pesquisa estudará impacto da caça sobre o tatu-bola-do-Nordeste 14262g

Os resultados serão usados para sugerir áreas prioritárias para a conservação da espécie na Caatinga, único bioma exclusivamente brasileiro

Mais de ((o))eco 386al

caatinga 1d5z5i

Análises

Caatinga: o bioma quase esquecido que resiste com ciência, conservação e esperança 603m21

Reportagens

Os dois macacos brasileiros entre os mais ameaçados do mundo 3m1n

Salada Verde

Projeto reúne Ministérios Públicos pela preservação da Caatinga 706d60

Notícias

Estudo reforça importância de proteger a Serra da Chapadinha, na Bahia 1p1g4l

conservação 4u55e

Notícias

Estudo aponta multiplicação preocupante do peixe-leão no litoral brasileiro 2y2a21

Notícias

Legalidade de megadesmates no Pantanal avança para julgamento no STJ 2p2j4c

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 22263e

Análises

Que semana, hein? 6s4y4a

parque 1m5d3y

Análises

Uma reflexão sobre o turismo em parques nacionais no Brasil 3g6b1s

Reportagens

Pesquisa mapeia impactos do turismo para fauna em parque nacional h1w5j

Notícias

Prefeitura de Niterói cria novo parque no município fluminense 4a3r5q

Notícias

Onça-parda é fotografada e filmada em parque no norte do estado fluminense 6r5y11

Caixa Postal g5y6t

Análises

Os oportunistas da notícia 3m5r59

Análises

O MT Ilegal 4p338

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 3u6f47

Análises

Biomas esquecidos 4qt19

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 5 635t5h

  1. Christine diz:

    Uma das raras boas notícias deste país!


  2. Felipe diz:

    http://www.oeco-br.noticiascatarinenses.com/noticias/29018-refugio-tat

    Já foi criada uma 5 vezes maior em PE, noticiada por vocÊs mesmos!


  3. Carlos Brauna diz:

    qual a cidade sera a sede? e o turismo vai ter?


  4. Tiago diz:

    não ficou claro a área (tamanho) do parque.


  5. paulo diz:

    Parabéns e coragem aos que criaram o Parque.