Reportagens

O desmatamento na Pan-Amazônia 4i25y

Em até dois anos, ritmo de desmatamento deve ser conhecido em todos os países da América do Sul que dividem a Amazônia. Primeira capacitação acontece em maio, em Belém.

Redação ((o))eco ·
3 de abril de 2009 · 16 anos atrás
Uma imagem bem mais aproximada do verdadeiro tamanho da Amazônia. (Crédito: Raisg) Clique para baixar o mapa.
Uma imagem bem mais aproximada do verdadeiro tamanho da Amazônia. (Crédito: Raisg) Clique para baixar o mapa.

A maior parte dela está em nosso território, mas a floresta Amazônica não é só brasileira, se estende por nove países da América do Sul. No entanto, apenas aqui há monitoramento sobre perdas florestais, algo em que o Brasil tem PhD. Mas essa realidade pode começar a mudar. No início de maio, está programada uma primeira capacitação para técnicos de países vizinhos em monitoramento remoto de desflorestamento, em Belém (PA). A tarefa está nas mãos do não-governamental Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente na Amazônia), entidade que vem registrando as perdas mensais de verde na última grande floresta tropical do planeta.

Conforme o geólogo Carlos Souza Júnior, pesquisador do Imazon, a meta é de que, em até dois anos, todos os nove países sul-americanos que dividem a pan-Amazônia estejam com monitoramento implementado. Antes, será necessário qualificar mão-de-obra, investimento mínimo em equipamentos e ajustar sistemas para cada realidade geográfica e florestal. “O desafio é desenhar um sistema que possa entender e gerenciar uma quantidade robusta de dados, com produção de mapas em escala industrial”, disse.

Para ele, além de se conhecer como nossos vizinhos vêm tratando a floresta, a integração de informações pode ajudar em conservação, avaliando a conexão entre corredores ecológicos formados por porções de matas que cruzam as fronteiras nacionais, por exemplo. Além disso, haverá melhores estimativas sobre estoques e emissões de carbono (gás que provoca aquecimento do planeta) decorrentes do desmatamento. “Haverá aplicações em políticas públicas de conservação, com certeza”, avaliou.

O tamanho da floresta

O treinamento promovido pelo Imazon está atrelado à movimentação de uma dezena de organizações não-governamentais sul-americanas em torno da chamada Rede Amazônica de Informação Socioambiental. Um de seus primeiros produtos foi lançado nesta sexta, em Brasília: um mapa da floresta com suas principais unidades de conservação e terras indígenas. No papel, nem parece que ela se estende por 7,8 milhões de quilômetros quadrados e que abriga 370 povos indígenas e cerca de 33 milhões de pessoas, em totalidade ou parte de nove países.

O trabalho cartográfico vem sendo desenvolvido desde 1996 e sua próxima etapa trará um levantamento sobre as “pressões” que a floresta sofre, em todos os países, como desmatamento, mineração, extração de petróleo, construção de usinas hidrelétricas e estradas baseadas ou não em planos como o brasileiro PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). Esse estudo deve ser lançado até o fim do ano.

Com os dados disponíveis, descobre-se ou relembra-se que o Brasil tem a maior porção da floresta no continente e o maior área em terras indígenas e parques nacionais, reservas biológicas e outras unidades de conservação. Países vizinhos sequer reconhecem em suas legislações a existências de “terras indígenas”, apenas delimitam com aproximações no mapa as áreas onde vivem essas populações.

Mas em conservação ambiental, a máxima “tamanho não é documento” nunca se aplicou com tanta propriedade. Apesar do gigantismo das áreas protegidas e terras indígenas na Amazônia brasileira, o poder público daqui peca ao não consolidar essas áreas.

Quem alerta é o geógrafo e pesquisador do Instituto Socioambiental (ISA), Arnaldo Carneiro. “As áreas protegidas se concentram fora do Arco do Desmatamento e, apesar dos esforços para implementação nos últimos anos, tanto em terras indígenas quanto em unidades de conservação, há uma grande lacuna em implementação”, disse.

Para ele, a Colômbia está em melhor situação que o Brasil quando o assunto é conservação. Conforme Carneiro, aquele país tem baixo nível de atividade agrícola e pecuária e ainda pouca infra-estrutura implementada, mas além de tudo, áreas protegidas consolidadas. “No Brasil, a agropecuária ainda exerce forte pressão sobre a floresta”, arrematou o pesquisador.

O mapa pode ser conferido e baixado também aqui.

  • Redação ((o))eco 59464e

Leia também 1b437

Salada Verde
30 de maio de 2025

Sociedade civil protesta contra PL que quer acabar com o licenciamento 3e3u1p

Mobilização ocorre em ao menos 12 capitais. Protestos estão marcados para ocorrer neste domingo e marcam o início da semana do meio ambiente

Salada Verde
30 de maio de 2025

Chance de aquecimento da Terra ultraar 1,5°C aumentou, mostra estudo 6h3f5g

Países caminham para que a principal meta do Acordo de Paris seja descumprida. Chance de que o aquecimento fique entre 1,5ºC e 1,9ºC em pelo menos um dos próximo cinco anos é de 86%, diz ONU

Reportagens
30 de maio de 2025

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 6x4y6b

Há 300 anos vivendo no bioma, modo de vida fecheiro envolve a criação de gado para subsistência e a proteção da vegetação nativa

Mais de ((o))eco 386al

desmatamento 5h2z4x

Reportagens

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 6x4y6b

Notícias

Perda global de florestas atinge recorde em 2024, mostra estudo da WRI 3l3w55

Análises

O PL da Devastação e a falsa promessa do progresso o1s2e

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

amazônia 245k3y

Notícias

Onda de apoio a Marina Silva após ataques sofridos no Senado une ministras, governadoras e sociedade civil 9106o

Notícias

Em audiência tensa no Senado, PL-bomba e Foz do Amazonas dominam a pauta 3k1x1u

Notícias

Brasil tem 34 espécies de primatas ameaçadas de extinção d7343

Colunas

No jogo das apostas, quais influenciadores apostarão na Amazônia? 22263e

monitoramento 3lg31

Notícias

A vida – e os amores – de um bicudinho-do-brejo ancião 1i5w70

Reportagens

INPE tem apenas 5 servidores exclusivos para monitorar desmatamento no país 5h1p1c

Notícias

Pesquisadores do INPE temem paralisação de monitoramento do desmatamento 1a1k1z

Reportagens

Brasileiros avançam em competição de tecnologia para monitorar a biodiversidade 613a40

Caixa Postal g5y6t

Análises

Os oportunistas da notícia 3m5r59

Análises

O MT Ilegal 4p338

Análises

Cadâ a pressa da licença ambiental? 3u6f47

Análises

Biomas esquecidos 4qt19

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.

Comentários 1 3wi3c