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Nesta terça-feira, Manaus amanheceu assim. O registro foi feito no bairro Educandos, perto do centro da cidade, por volta das sete horas da manhã. Apesar da fumaça, atípica para a capital do estado com a maior extensão de floresta amazônica preservada no país e distante das frentes de queima para desmatamento, os satélites do INPE não mostram muitas imagens de focos de calor na região. O repórter Vandré Fonseca, que costuma trazer notícias do Amazonas para as páginas de O Eco, descreveu o que viu e sentiu em Manaus nesses dias de fumaça. Confira o depoimento:
“Mais uma manhã de fumaça em Manaus. O sol aparece fraco, coberto pela pela camada de fuligem e partículas suspensas. Resultado da combinação de uma estação muito mais seca do que a média, somada às queimadas que ocorrem em Manaus em um raio de cem quilômetros ao redor da cidade. Já são três meses quase sem chuvas, de um calor quase inável e, agora, de fumaça todos os dias.
Em setembro, quando o dia amanheceu pela primeira vez nestas condições,a culpa recaiu em primeiro lugar sob as queimas realizadas na cidade. Moradores irresponsáveis, que parecem impulsionados por um instinto incendiário, tocam fogo em terrenos abandonados e no lixo, apesar de a coleta ser feita todos os dias na capital do Amazonas. Embora as queimadas incomodem, a maior parte da fumaça que sufoca o manauense vem do interior, de municípios como Rio Preto da Eva, Itacoatiara e Manicoré.
A Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semsa) criou um esquema para atender as chamadas, com equipes de plantão e telefone funcionando 24 horas por dia. Mas é o Corpo de Bombeiros que sente a sobrecarga de trabalho. Entre janeiro e setembro do ano ado, foram registradas menos de 200 ocorrências. Este ano, elas já são mais de 420 — 150 só nos 15 primeiros dias de setembro. Ontem, segunda feira, o Poder Judiciário convocou órgãos de defesa,de proteção ao meio ambiente, pesquisadores, a fim de que seja criada uma força tarefa para resolver este problema.”
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