Reportagens

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Inaugurado em 95, o Projac, da TV Globo, tem uma gestão ambiental exemplar, da preservação e replantio de Mata Atlântica até detalhes dos processos de produção.

Lorenzo Aldé ·
24 de novembro de 2004 · 21 anos atrás

A TV Globo publicou esta semana, em três quartos de página do primeiro caderno do jornal O Globo, um anúncio sobre sua “política ambiental”. Ele dizia que a empresa “sempre preservou a qualidade, o talento e a cultura. O meio ambiente não podia ficar de fora”, para em seguida enumerar os compromissos da emissora com a preservação dos recursos naturais. Parecia apenas uma declaração de princípios. Mas era uma novidade à procura de uma reportagem.

Quais eram, afinal, as ações de preservação ambiental da Rede Globo, que ela mesma divulga? A resposta é surpreendente. Elas começaram a ser implementadas há quase dez anos, com uma discrição que nem parece coisa de uma rede de televisão. Não se tratava sequer de um novidade. E essas atitudes não ficam dispersas em pequenos e escondidos projetos conservacionistas. A política ambiental da TV Globo está presente em cada detalhe de seu maior cartão de visitas: a Central Globo de Produção (CGP), mais conhecida como Projac.

Inaugurado em 1995, o Projac ganhou este apelido por localizar-se em Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. Durante as obras, a casa o chamava de “Projeto Jacarepaguá”. Depois da inauguração, quem o conhecia pela abreviatura era o público. Desde então, convive o infalível aposto de “Hollywood brasileira”. É o maior centro de produção de TV da América Latina, com seis estúdios de mil metros quadrados cada, fábrica de cenários, fábrica de figurinos, cidades cenográficas, centro de pós-produção e setores de apoio à produção e istrativos. Para se ter uma idéia, antes do Projac a TV Globo utilizava mais de 40 endereços diferentes para produzir os seus programas. Hoje estão todos centralizados nos 200 mil metros quadrados de área construída.

Esta é a primeira boa notícia ambiental: o terreno da Central Globo de Produção tem 1.650.000 metros quadrados. A diferença entre esta área e os 200 mil metros quadrados de edificações está coberta por Mata Atlântica preservada ou reconstituída. São 1 milhão de metros quadrados para os quais a Globo não tem nenhum plano a não ser deixar a floresta em paz. E mais 400 mil metros quadrados reflorestados pela empresa com 40 mil mudas de espécies nativas, numa área que estava degradada quando o terreno foi adquirido.

Todo o funcionamento do Projac foi planejado para uma gestão ecologicamente impecável. Junto aos estúdios e escritórios da emissora, foram construídas Estações de Tratamento de Esgoto, de Água e até de Tinta. Uma caixa separadora impede a mistura de óleo e água, poupando de contaminação o lençol freático. Esse tratamento faz o esgoto do Projac chegar praticamente limpo à rede coletora pública. O que naquela região é certamente um caso único.

No complexo foi instalado um sistema de coleta seletiva de lixo, que separa papel, plástico, metais e resíduos orgânicos. Uma Central de Resíduos armazena os materiais recicláveis e destina os não-recicláveis para aterros sanitários e industriais licenciados. Com alguns cuidados básicos, como acondicionar em tonéis os materiais tóxicos (como tinta, pincéis, lubrificantes, solventes e ácidos). As sobras do restaurante, que serve cinco mil refeições por dia, são guardadas num frigorífico especial, em vez de azedar a céu aberto.

Há também a preocupação de reduzir a produção de resíduos, com o reaproveitamento e reutilização de matérias-primas. Noventa por cento da madeira utilizada nas produções são reciclados. E, como era de se esperar, 100% têm origem certificada pelo Ibama. Este ano, expandiram a reciclagem de papéis até fora dos domínios da Globo. Os capítulos impressos utilizados nas novelas e seriados são recolhidos nas casas dos atores. Não é pouco papel: cada capítulo diário tem em média 20 laudas, e eles são distribuídos, além da direção e equipe técnica, para todos os atores principais, que numa novela chegam a 20 ou 30.

A energia utilizada pelo Projac vem de sua Central de Cogeração, gerada em turbinas movidas a gás natural da bacia de Campos, que é pouco poluente. A água que sai das turbinas em forma de vapor é reaproveitada no sistema de refrigeração do complexo. A Light no Projac é estepe. As operações de infra-estrutura e geração de energia elétrica e térmica foram certificadas no Sistema de Gestão Ambiental da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), de acordo com a norma ISO 14001.

Até a frota de 150 carrinhos elétricos que circulam pelos estúdios e cidades cenográficas é contabilizada como benéfica ao meio ambiente, por não gerar barulho nem poluição. Anualmente, auditorias ambientais conferem a limpeza do projeto. O anúncio publicado no Globo não menciona nada disso, mas soa como um prenúncio de que a empresa finalmente decidiu incluir em seu marketing institucional as ações de preservação ambiental da Central Globo de Produção. Sinal de que começa a reconhecer o tema como importante junto à opinião pública.

Não custa torcer para que o próximo o seja aumentar a duração do programa Globo Ecologia e colocá-lo num horário menos plebeu. Atualmente, a única atração da TV Globo dedicada ao meio ambiente dura 25 minutos. a aos sábados, 7 da manhã.

  • Lorenzo Aldé s2u55

    Jornalista, escritor, editor e educador, atua especialmente no terceiro setor, nas áreas de educação, comunicação, arte e cultura.

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