Reportagens

Em nova contagem, cientistas estimam 3 trilhões de árvores no mundo 6q244q

Levantamento mais preciso já feito chegou a número sete vezes maior do que a anterior, e concluiu que civilização reduziu total pela metade.

Adam Vaughn ·
2 de setembro de 2015 · 10 anos atrás
The Guardian Environment Network
Artigos da rede que reúne os melhores sites ambientais do mundo, selecionados pelo diário inglês The Guardian.
02092015-arvores
O mundo tem 3 trilhões de árvores, mas, sem impacto humano, já teve 6 trilhões. Foto: Creative Commons

Os cientistas já calcularam quantos peixes há no mar (230 mil espécies), e quantas espécies existem no planeta (8,7 milhões). Agora, eles progrediram na contagem de todas as árvores do mundo.

Usando uma combinação de medições por satélite e terrestres, os pesquisadores estimaram pouco mais de 3 trilhões de árvores no planeta, mais de sete vezes o número calculado antes, em pesquisa feita sem revisão por pares (outros cientistas), e que se baseou apenas em imagens de satélite.

Mas o impacto humano sobre as florestas do mundo é “esmagador”, de acordo com a equipe internacional de 15 países. As atividades humanas levaram à perda de quase metade das árvores do mundo (45,8%), segundo o estudo.

Hoje, as pessoas são responsáveis ​​pela perda de cerca de 15 bilhões de árvores por ano devido ao desmatamento e demanda de terras para a agricultura, um número que os autores disseram ser “consideravelmente maior” do que há apenas um século.

“A escala do impacto humano [que encontramos] foi astronômica. O número de árvores cortadas é quase 3 trilhões desde o início da civilização”, diz Thomas Crowther, da Universidade de Yale, principal autor do estudo, publicado na revista Nature nesta quarta-feira.

“Eu não esperava que a atividade humana aparecesse como a restrição mais forte sobre a densidade de árvores em todos os biomas. Ela foi um dos reguladores dominantes do número de árvores em quase todo o mundo. Realmente, isso destaca quão grande é o impacto dos seres humanos sobre a Terra”.

O estudo foi uma demanda de diferentes iniciativas para plantar árvores com intenção de obter uma visão mais clara do número-base de árvores, que permita compreender melhor o impacto de projetos tais como a campanha “Billion Tree”. Para Crowther, o fato de que havia muito mais árvores do que se pensava não diminui o mérito deste tipo de esforço.

“A mensagem é que um bilhão de árvores ainda é uma enorme contribuição”, diz Crowther. “Me preocupava que prover esta informação pudesse parar iniciativas e fazer as pessoas entrarem numa de ‘ok, plantar um milhão de árvores é inútil’, mas, na verdade, nós obtivemos a resposta oposta. Para ele, esses projetos deveriam ar a pensar em plantar um trilhão de árvores em vez de um bilhão.

As áreas mais densas em árvores foram encontradas nas florestas boreais do norte do Canadá, China e Rússia, embora os autores ressaltem que os dois últimos sejam lugares entre aqueles com a menor quantidade de dados obtidos no terreno. Florestas tropicais e subtropicais detêm a maior parte das árvores do mundo, com cerca de 1,39 trilhão no total, enquanto as regiões temperadas fortemente afetadas pelo homem, tais como a Europa e a Ásia têm apenas 0,61 trilhão.

A estimativa anterior de 400 bilhões de árvores no mundo, ou 61 por pessoa, foi baseada em imagens de satélite e publicada em um livro de 2009, em vez de uma revista científica. O novo estudo combina dados de satélite com mais de 400 mil medições terrestres, de fontes que incluem levantamentos florestais de governo.

Segundo o Dr. Simon Lewis, geógrafo da University College de Londres e da Universidade de Leeds, o novo trabalho é importante, mas não mostrou que havia mais árvores do que se pensava, porque a estimativa anterior não havia sido chancelada por uma revisão de outros cientistas.

“Para mim, esta é a primeira estimativa sólida do número de árvores. É uma peça importante e útil, mas devemos lembrar que o número de árvores não é necessariamente a melhor métrica para medir a saúde de um ecossistema ou a sua importância. Uma plantação grande de árvores iguais não é o mesmo que uma faixa de floresta amazônica”.

Para Lewis, o estudo não muda a nossa compreensão do papel que as florestas têm em retardar as alterações climáticas provocadas pelo homem, porque a quantidade de carbono que as árvores do mundo podem armazenar já é bem conhecida. Mas afirma que tais visões globais “ajudam-nos a ver o mundo de uma maneira diferente”, e a perda de 45,8% das árvores, desde o período pós-Pleistoceno é “muito impressionante”.

A perda bruta de árvores foi estimada em cerca de 15.3 bilhões por ano, mas é provável que a perda líquida esteja mais perto de 10 bilhões por ano, já que crescem algo como 5 bilhões de árvores novas por ano, dizem os autores.

O estudo contou árvores que tinham pelo menos 10 cm de diâmetro, o único padrão utilizado universalmente, ou seja, há provavelmente outros bilhões de árvores menores que não entraram na conta.

 

*Esse artigo é publicado em parceria com a Guardian Environment Network, da qual ((o))eco faz parte. A versão original (em inglês) foi publicada no site do Guardian. Tradução de Eduardo Pegurier

 

 

Leia também
Caçador que matou o leão Cecil enfrenta clamor por processo
Rinocerontes: procura por chifre no Vietnã cai 38% em um ano

 

 

 

  • Adam Vaughn 6x1r1a

Leia também 1b437

Reportagens
17 de outubro de 2014

Rinocerontes: procura por chifre no Vietnã cai 38% em um ano 85j4q

Campanha de informação no país muda com sucesso percepção das pessoas, que pensam que o chifre do animal funciona para curar doenças.

Reportagens
30 de julho de 2015

Caçador que matou o leão Cecil enfrenta clamor por processo 4a2q5r

Comoção nos EUA pela morte de leão que vivia em área protegida força dentista que o caçou a fechar consultório. Ele e mais dois podem ser levados à Justiça.

Notícias
5 de junho de 2025

Morre Dalton Valeriano, responsável por modernizar o monitoramento do desmatamento no país 572e32

Pesquisador do INPE, Valeriano foi responsável pela operacionalização do sistema DETER, que revolucionou o controle e combate ao desmatamento

Mais de ((o))eco 386al

ciência 6m1wy

Colunas

Por que o mar nos faz bem? 3u3738

Colunas

Esportes na água têm uma importante responsabilidade em mãos 3n1632

Colunas

A Lei das Eólicas Offshore é um presente grego 3l2u33

Colunas

Governança de resíduos sólidos: como o seu município está performando? 286w

árvores 1e4a5o

Notícias

Um jequitibá de 65 metros: conheça a maior árvore viva da Mata Atlântica 2k671g

Reportagens

Supressão de área verde para construção de complexo viário gera conflito entre Prefeitura e sociedade civil em São Paulo 6m6vt

Notícias

Um refúgio de árvores ameaçadas nas montanhas de São Paulo 194d1m

Salada Verde

Um plano para salvar duas árvores 100% brasileiras da extinção 1e5p6a

The Guardian Environment Network tz51

Reportagens

Risco de extinção não impede chef de pagar $118 mil por um atum-rabilho 2f5m3y

Reportagens

Tecnologia de satélite ajuda a combater pesca ilegal 3swl

Reportagens

Parques eólicos terrestres já produzem a eletricidade mais barata do Reino Unido 6s544q

Reportagens

Pode haver água em Marte, mas será que existe vida inteligente na Terra? 72536

desmatamento 5h2z4x

Notícias

Morre Dalton Valeriano, responsável por modernizar o monitoramento do desmatamento no país 572e32

Colunas

O segredo mais bem guardado da política climática brasileira w625b

Notícias

Iniciativa quer formar 1000 líderes pelo desmatamento zero no Brasil até 2030 4r6h20

Reportagens

Como comunidades de fecho de pasto conservam o Cerrado no oeste baiano 6x4y6b

Deixe uma respostaCancelar resposta 2s56o

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.