Voluntários de todo Brasil participaram do 3° Workshop para Construção da Estratégia Federal do Voluntariado no Manejo Integrado no Fogo (MIF) em Brasília, entre os dias 7 e 9 de novembro. O evento reuniu voluntários, representantes do governo federal e entidades do terceiro setor para discutir políticas públicas de fortalecimento a iniciativas voltadas à prevenção e combate a incêndios florestais.
Promovido pelo Instituto de Pesquisas Ecológica (IPÊ), o workshop contou com cerca de 70 participantes para discutir a construção de uma estratégia que oriente o voluntariado no MIF nos próximos anos. Os debates incluíram temas como o cenário atual, desafios, áreas e ações prioritárias para o fortalecimento do voluntariado no Manejo Integrado no Fogo nos diversos biomas do país.
A coordenadora de projetos do IPÊ, Angela Pellin, afirma que a construção de uma política pública com a participação do governo, sociedade civil e representações dos voluntários que atuam com MIF no Brasil é fundamental para a construção de uma estratégia que reconheça o impacto positivo de tais iniciativas, valorize esses grupos e contemple diretrizes de atuação conectadas com a realidade dos territórios onde atuam. “Os resultados desse processo, sem dúvida, nos dão as diretrizes necessárias para avançar nesse tema tão importante para a sociedade nesse contexto de mudanças climáticas que estamos vivendo”, diz ela.
A programação contou com a apresentação de resultados dos estudos feitos pela equipe e produzidos nos dois últimos workshops, realizados em abril e junho de 2023. Os participantes discutiram sobre conceitos, aspectos jurídicos e financeiros, o papel institucional dos envolvidos, ações prioritárias e as particularidades que devem ser consideradas em territórios estratégicos do país, considerando as iniciativas voluntárias de combate e prevenção aos incêndios florestais e ao Manejo Integrado do Fogo.
Fundador da Brigada Gaviões da Chapada, formada por quilombolas da região da Chapada Diamantina, na Bahia, Francisco Silva elogiou as trocas de experiência e disse que o intercâmbio gerado pelo workshop fortalece o debate nacional sobre voluntariado no MIF. “Essa troca de ideias com brigadistas voluntários de outros territórios e outros biomas nos ajuda a refletir sobre o nosso trabalho e entender que as nossas ações não são isoladas. Por isso é importante que essa estratégia seja construída de forma participativa, por gente de diversas brigadas”.
Segundo Tainan Kumara, liderança da Brigada Guardiões do Território Kumaruara, a atuação das brigadas comunitárias ajuda a reforçar o protagonismo dos povos indígenas na defesa da floresta. “A nossa atuação vai além da proteção ao meio ambiente. É um trabalho que demarca a ancestralidade do nosso povo e a resistência na luta pela proteção do território e do nosso modo de vida. Por isso, além do monitoramento, o trabalho da brigada também envolve educação ambiental sobre a proteção da floresta para as futuras gerações”.
Assistente Técnica do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais – Prevfogo do Ibama, Mariana Senra de Oliveira afirmou que o workshop é um exemplo de construção de políticas públicas ambientais junto com a sociedade civil. “A participação de diversos representantes da sociedade civil nesse espaço mostra que a estratégia federal de voluntariado no manejo integrado no fogo não está sendo construída somente pelo poder público. A chance de termos um documento mais robusto e que atenda as expectativas dos diferentes grupos que atuam nesta temática é muito maior”, disse.
Para Rafael Gava, presidente da Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV), o evento reforça o protagonismo dos voluntários que atuam com MIF no país. “Não dá para falar de construção de políticas públicas sem ouvir a sociedade civil, de fato. Por isso, inserir os brigadistas voluntários no centro dessas discussões é importantíssimo. Afinal, o trabalho desses grupos é fundamental não apenas para o combate aos incêndios florestais, mas para a conservação da biodiversidade, que é uma pauta urgente nessa época de mudanças climáticas”, destaca.
O Workshop faz parte da agenda do projeto Voluntariado no Manejo Integrado do Fogo – MIF, iniciativa que visa apoiar a estruturação de uma estratégia federal de voluntariado no manejo integrado do fogo no país. A ação tem uma abrangência nacional, com potencial de contribuição junto ao sistema de unidades de conservação e seu entorno, terras indígenas e territórios quilombolas, além de elementos integradores de paisagem como reservas legais e áreas de preservação permanente, no âmbito das propriedades particulares.
Leia também 1b437

Mais de 9 milhões de hectares já queimaram no Brasil em 2023 2n5w6y
Somente em setembro a área queimada no país chegou a 4 milhões de hectares. Dos dez estados que mais queimaram, oito estão na Amazônia →

Tradição quilombola que preserva: a conservação do Cerrado pelos Kalunga 1e2c3b
Com manutenção do modo de vida tradicional, brigada própria e manejo do fogo, território quilombola conserva 83% de cobertura de vegetação nativa do Cerrado →